Vanessa
Sayuri Nakasato *
Enviada a Campos do Jordão, São Paulo
A idéia de que todas as escolas públicas do
país são ruins e precárias é completamente
equivocada. A opinião é do ex-secretário
municipal da Educação de São Paulo, Fernando
J. de Almeida, que debateu a qualidade do ensino no evento
DNA Brasil – 50 Brasileiros Param para Pensar a Vocação
do País, em Campos do Jordão, interior paulista,
no último final de semana.
Em entrevista exclusiva ao site GD, o ex-secretário
afirma que ainda existem excelentes escolas públicas
em todos os estados brasileiros. No entanto, elas dificilmente
aparecem porque é muito mais fácil para a imprensa
ou órgãos de pesquisa perceberem as falhas do
que os acertos.
“Parece feio mostrar que uma escola pública
da periferia paulistana tem uma professora heróica
ou um grupo de alunos que fez um trabalho lindo. Não
deve ter graça, por isso, ninguém mostra. Mas
ridicularizar os erros dos alunos no vestibular todo mundo
faz. Chutar a escola pública é como chutar cachorro
morto. Acho que é um dos atos mais covardes em nome
da qualidade de ensino”, lamenta.
Há menos de cinco décadas, as escolas públicas
eram consideradas as melhores do país. Embora o ensino
ainda seja o mesmo, Almeida ressalta que, antes, formavam-se
50 alunos. Hoje, formam-se cinco mil. Por ter recebido muito
mais gente do que o modelo educacional em prática comporta,
a escola pública se desorganizou e o nível caiu.
“Existem aqueles que colocam a culpa da má educação
nos pobres, já que, atualmente, há muito mais
pessoas de classes C e D estudando do que há 30 anos.
Mas esses cidadãos não têm culpa de nada.
Muito pelo contrário. O problema é a falta de
projeto para ensinar os cinco mil. Fazer educação
de qualidade para 50 qualquer um faz”, alfineta.
Para Almeida, os dirigentes da educação precisam
decidir, com urgência, qual o novo modelo de escola
pode oferecer qualidade a todos. É necessário
criar um projeto político pedagógico de não
construir a mesma escolinha para 50 e mandar o resto embora,
mas fazer uma escola pública para cinco mil que dê
certo.
(*A jornalista foi convidada pelo
DNA Brasil)
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