Cassia
Gisele Ribeiro
Especial para o Gd
A meta é ambiciosa e um tanto curiosa. Fazer com que
a saúde não seja vista apenas como um direito
humano. "Queremos promover a saúde como cultura,
uma cultura de valorização da qualidade de vida".
Essa é a motivação de Mirtha Roses, no
papel de diretora da Organização Pan-Americana
de Saúde (OPAS).
Ao defender seu argumento durante conferência realizada
na Faculdade de Saúde Publica da Universidade de São
Paulo, a especialista deixou claro também que se trata
de uma ambição um tanto utópica. "No
entanto, só conseguiremos esse feito quando o direito
a saúde for garantido a todos, algo que ainda não
acontece".
Com o tema "A atual situação da saúde
pública nas Américas", o evento discutiu
quais são os desafios que a região enfrenta
atualmente e enfrentará no futuro se o negativo panorama
atual não mudar significativamente. "Os dados
que temos mostram que 46% da população da América
Latina e do Caribe não conta com seguro saúde,
o que equivale a 230 milhões de pessoas", argumentou
.
Dessa população mencionada por Mirtha, 125
milhões (27%) carecem de acesso permanente aos serviços
básicos de saúde. Os dados fazem parte das pesquisas
comparativas mais atuais entre o Brasil e outros países
das Américas, fornecidos pelo OPAS e pela Organização
Mundial de Saúde, de acordo com a diretora.
Outro problema destacado é o atendimento adequado
para as gestantes, bebês recém-nascidos e crianças.
Segundo os dados, 17% dos nascimentos não têm
assistência de pessoal qualificado e 82 milhões
de crianças não completam um programa de vacinação.
"A melhoria da saúde da gestante e da criança
é um dos grandes desafios da saúde para os próximos
anos", diz a diretora.
No entanto, nada parece mais negligente, na visão
de Mirtha, do que as mais de 152 milhões de pessoas
sem acesso à água potável ou saneamento
básico no continente americano. Os motivos? 120 milhões
por razões econômicas - isto é , política
públicas eficientes - e 107 milhões, por razões
geográficas.
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