Vanessa
Sayuri Nakasato *
Enviada a Campos do Jordão, São Paulo
O Brasil não sabe aproveitar os recursos da tecnologia
para a melhoria da educação. Esse foi o consenso
dos debatedores do “Educar para quê?”, no
evento DNA Brasil – 50 Brasileiros Param para Pensar
a Vocação do País, realizado em Campos
do Jordão, interior paulista, nesse final de semana.
Conforme o ex-secretário municipal da Educação
de São Paulo, Fernando J. de Almeida, muitas escolas
usam o computador e a Internet como um substituto do professor.
Também é freqüente a utilização
da tecnologia como mero aparelhamento dos estudantes.
“Algumas escolas ensinam o mínimo de informática
aos seus alunos para, futuramente, enfrentarem bancos, escritórios
e serviços de automação em geral. Isso
gera exatamente o que a gente não quer, que é
a falta de pensamento, de reflexão. Toda vez que a
tecnologia é utilizada com esse sentido de facilitar,
poupar, a educação é prejudicada”,
afirma.
No entanto, a escola, instituição ou organização
não-governamental possuidora de um bom projeto pedagógico,
provocador, crítico e dialógico, pode potencializar
sua qualidade de ensino com o computador e as tecnologias
em geral. A informática, usada de maneira inteligente,
é capaz de ampliar o espaço da discussão,
registrar erros, conquistas e até revelar o estilo
cognitivo de uma classe escolar.
“Esse lado da tecnologia é imensamente bem-vindo.
Ele não substitui o professor. Ao contrário.
Ele exige um educador melhor, um desequilibrador, um sintetizador,
um utopista. O computador vira um instrumento com a qual se
pensa, e não um instrumento que pensa por alguém”,
ressalta Almeida.
Na opinião do ex-secretário, a tecnologia fará
cada vez mais parte da formação educacional.
O educador e escritor Rubem Alves concorda e vai mais além.
Para ele, daqui a alguns anos, não haverá mais
sala de aula em muitas escolas. “Qualquer lugar será
lugar de aprender. Não existirá hora, porque
o aluno não falará “vou aprender 45 minutos”.
Ele entrará na Internet e vai ficar o dia todo se quiser”,
aposta.
Mas apesar dos benefícios que a tecnologia pode trazer
à educação, grande parte dos debatedores
não dispensa o modelo tradicional de ensinar. “A
Internet, o computador e aparelhos do gênero podem ajudar
muito. Entretanto, nada substitui a imagem do professor, a
presença humana”, enfatiza o físico e
educador Moyses Nussenzweig.
(*A jornalista foi convidada pelo
DNA Brasil)
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