A taxa
de desemprego do país caiu para 12,2% em maio, após
registrar recorde de 13,1% no mês anterior. É
a primeira queda deste ano, tanto em relação
ao mês anterior quanto na comparação com
o mesmo período de 2003. Os números do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram
que, em maio, havia 2,6 milhões de pessoas sem trabalho
nas seis regiões metropolitanas cobertas pela pesquisa,
uma queda de 6,7% em relação a abril. A renda,
porém, voltou a recuar pelo 15ª mês seguido.
Segundo o IBGE, São Paulo foi o principal responsável
pela reação do mercado de trabalho, concentrando
120 mil das 148 mil novas vagas abertas mês passado.
O gerente de Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE, Cimar Azeredo,
disse que o resultado surpreendeu porque, tradicionalmente,
a trajetória de alta do desemprego só é
interrompida a partir de junho ou julho. Segundo ele, ainda
não dá para dizer se a melhora veio para ficar.
"A queda de quase um ponto percentual foi uma surpresa.
Agora, é preciso esperar outras pesquisas para ver
se esse movimento vai se tornar consistente e se outras regiões
metropolitanas vão acompanhar São Paulo",
explicou Azeredo.
Na comparação com abril, o índice de
desemprego passou de 14,5% para 13,6% em São Paulo,
de 10,7% para 9,6% no Rio de Janeiro e de 10,7% para 9,7%
em Porto Alegre. Nas outra regiões pesquisadas (Salvador,
Recife e Belo Horizonte), a taxa ficou praticamente estável.
A renda média do trabalhador em maio foi de R$ 866,10,
0,7% menor do que em abril e 1,4% abaixa da registrada em
maio do ano passado. Os trabalhadores sem carteira foram os
únicos com aumento de ganhos: 5,8%. O salário
médio de quem tem carteira assinada caiu 0,8% e o dos
trabalhadores por conta própria, 2%.
Apesar do desempenho negativo da renda, o economista do Instituto
de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) Luiz Eduardo Parreiras
considerou os dados do IBGE muito positivos. Ele acredita,
entretanto, que a tendência de redução
do desemprego só vai se consolidar a partir de julho.
"Em maio, vimos uma queda na procura por trabalho, o
que influenciou positivamente o índice. Em junho, essas
pessoas devem voltar a buscar vagas, o que levará a
um novo aumento da taxa", explicou o economista, para
quem só a partir de julho a queda poderá se
tornar uma tendência.
O economista e professor da Unicamp Cláudio Dedecca
acredita que a redução do nível de desemprego
registrada em São Paulo será ampliada para o
resto do país nos próximos meses. Ele ressalta,
no entanto, que a informalidade não deve recuar.
"Os índices de recuperação da economia
interna do país são ainda tênues ou inexistentes.
A queda do desemprego continua associada ao setor exportador
e é isso que preocupa".
Em relação a abril, o número de trabalhadores
com carteira assinada subiu 1,1%, mas o contigente que trabalha
sem o registro cresceu mais ainda: 1,8%. Já a taxa
de pessoas por conta própria caiu 2,6%. Em relação
a maio de 2003, é significativo o aumento no número
de pessoas sem carteira (6,1%) e por conta própria
(3,8%), contra as com carteira (1,9%).
JACQUELINE SOBRAL
do Jornal do Brasil
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