A circulação de dinheiro
falsificado bateu o recorde da era do real neste ano. De janeiro
a novembro, segundo o Banco Central, 428,5 mil notas foram
recolhidas no país, contra apenas 1.046 em 1994, ano
do lançamento da moeda.
Em relação ao número de cédulas
em uso, cerca de 2,1 bilhões, a quantidade de reais
"podres" é pequena, mas os valores da falsificação
chamam a atenção: R$ 14,1 milhões. Pagou
a conta quem recebeu a nota sem perceber o golpe, porque não
há como trocá-la.
A novidade é que, neste ano, a principal cédula
falsificada é a de R$ 50, que representou 55,8% do
dinheiro tirado de circulação. Por sete anos
--1994 e de 1997 a 2002--, a nota de R$ 10 era a preferida
pelas quadrilhas de falsários. Em 1995 e 1996, a de
R$ 100 era a mais visada para golpes.
"O falsário tinha o mesmo trabalho para fazer
R$ 10. Em certo momento, achou que devia produzir R$ 50",
afirma o diretor do Departamento do Meio Circulante do Banco
Central, José dos Santos Barbosa, 51.
Segundo ele, dois motivos podem explicar o crescimento das
moedas falsas no país. Primeiro, a tecnologia evoluiu
e hoje permite reproduzir as notas em impressoras, com um
padrão de qualidade melhor do que quando o real foi
lançado. Segundo, a família de notas e moedas
em uso foi preparada em apenas cinco meses, com falhas de
segurança que começaram a ser corrigidas ao
longo dos últimos anos.
Num primeiro momento, por exemplo, os falsários "lavavam"
as notas de R$ 1 com produtos químicos, para tirar
a tinta, depois aproveitavam o papel e as marcas de segurança
para imprimir nele cédulas de R$ 100.
São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro lideram entre
os Estados com mais reais falsos.
Medidas
O Banco Central analisa a possibilidade de lançar,
até o final do ano que vem, uma nova "família"
de reais com dispositivos de segurança modernos, que
podem incluir faixas holográficas --como a da nota
de R$ 20-- e tinta especial. "A família do euro,
por exemplo, levou sete anos para ser criada", diz Barbosa.
Ainda não se tem o custo do projeto.
Enquanto as novas notas não chegam, o Banco Central
faz mudanças pontuais, como a troca da moeda de R$
1 toda de aço por uma que tem um anel dourado. A nota
de R$ 1 também foi mudada.
Outro recurso, de acordo com o BC, são os cursos ministrados
no país, para funcionários do comércio,
e as campanhas informativas.
O maior metrô do país, o de São Paulo,
participa desse programa de treinamento. Desde janeiro, a
empresa recolheu cerca de R$ 6.000 em dinheiro falso na capital
paulista, contra R$ 5.000 no ano passado.
O valor é baixo diante do faturamento de cerca de
R$ 1 milhão por dia, segundo Nelson Medeiros Sobrinho,
chefe de arrecadação da empresa.
Alessandro Silva,
da Folha de S.Paulo.
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