BRASÍLIA.
O álcool combustível e a gasolina vão
ficar mais caros para o consumidor. Desde ontem, os postos
já estão pagando cerca de 10% a mais pelo álcool
e as distribuidoras já avisaram que nos próximos
dias o preço do produto deverá aumentar em mais
10%. O preço da gasolina sofre um impacto grande do
reajuste do álcool porque desde junho do ano passado,
o combustível leva uma mistura de álcool na
proporção de 25%. A estimativa de técnicos
do setor é que o aumento do álcool provoque
um reajuste no preço da gasolina nas revendas entre
R$ 0,03 a R$ 0,04.
Já o preço do álcool combustível
está sendo reajustado pelas distribuidoras em cerca
de 20%. Normalmente, o reajuste na bomba fica um pouco abaixo
do percentual repassado pelas distribuidoras.
Apesar de o governo estar descartando reajuste nos preços
dos combustíveis no curto prazo por causa da disparada
da cotação do petróleo no mercado internacional,
os aumentos de agora estão ocorrendo porque os usineiros
decidiram aumentar o preço do álcool. Um técnico
do setor informou que os usineiros decidiram elevar o preço
devido ao início do período de entressafra e
desta forma recuperar o preço do álcool, que
na avaliação dos produtores, estava baixo.
O governo já está ajustando os parâmetros
macroeconômicos para acomodar, provável reajuste
de 5% a 10% nos preços dos combustíveis até
o fim do ano. O Ministério do Planejamento já
trabalha com uma receita maior de R$ 458,7 milhões
para os royalties de petróleo, o que ocorreria pela
recomposição dos preços na refinaria.
A análise dos consultores do Congresso foi feita com
base no relatório de receitas e despesas encaminhado
anteontem pelo governo à Comissão de Orçamento.
Reajuste
Em relação ao reajuste dos combustíveis,
os consultores de mercado na área dos derivados de
petróleo acreditam que ele só se dará
em meados do mês que vem, mas devem entrar em vigor
na primeira semana de julho. A economista Fabiana Fantini,
da Consultoria Tendências, disse que está trabalhando
com um reajuste de 10% da gasolina na refinaria, com impacto
de 6,5% no preço ao consumidor. O aumento do gás
de cozinha, segundo ela, deverá ficar em 3,5% e do
óleo diesel em 5%. Na avaliação da consultora,
o governo deverá mesmo deixar passar a volatilidade
nos preços internacionais para depois ajustar os preços
aqui dentro.
"O governo vem sendo muito pressionado pelos acionistas
da Petrobras para aumentar os preços. Um reajuste de
10% não irá recompor a defasagem de 35% no preços
internos em relação ao internacional. Mas dará
uma sinalização de que o governo está
atento", disse a economista.
Segundo ela, a elevação dos preços do
petróleo no mercado internacional não está
sendo amortecida em parte pela Petrobras devido ao reajuste
que a empresa está promovendo em outros derivados.
Ela informou que o preço do querosene de aviação,
da Nafta e do óleo combustível vêm sendo
reajustados normalmente. Além disso, ela lembrou que
a Petrobras é exportadora e não importadora
de gasolina.
"Afinal, se os preços estão mais altos
lá fora, a Petrobras também está exportando
gasolina mais cara", avalia Fabiana Fantini.
As informações são do jornal O Globo.
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