HOME | COLUNAS | SÓ SÃO PAULO | COMUNIDADE | CIDADÃO JORNALISTA | QUEM SOMOS
 
 

remédios
27/04/2004
Nem concorrência segura preços

Os fabricantes de medicamentos cujos preços foram liberados pelo governo no ano passado estão recompondo suas margens de lucro. Na lista dos 260 produtos (que envolvem 1.462 apresentações) que ficaram livres do controle da Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (Cmed), submetidos portanto apenas à concorrência no mercado, há registros de aumentos de até 50,7% entre março de 2003 e abril de 2004. É o caso do analgésico AAS, do laboratório Sanofi-Synthelabo, que subiu de R$ 3,45 para R$ 5,20, desde março de 2003.

Na comparação dos valores publicados na Revista Associação Brasileira do Comércio Farmacêutico (ABCFarma), o GLOBO constatou, pelo menos, 16 remédios com reajustes de mais de 6,2% desde a liberação. São altas acima do índice de inflação de 5,89% (pelo IPCA) nos últimos 12 meses (até fevereiro), que vem pesando no bolso do trabalhador, que ainda amarga uma queda na renda de 5,7% no período, segundo a pesquisa mensal de emprego (PME) do IBGE.

Os remédios liberados têm, em sua maioria, valores agregados baixos, mas representam uma carga a mais nos gastos essenciais do consumidor. Um deles é o antitérmico e analgésico Melhoral, produzido pelo DM, cuja cartela aumentou de R$ 0,89 para R$ 1,16 (30,3%). A Aspirina, da Bayer, passou de R$ 2,07 para R$ 2,62, uma alta de 26,6%.

Embalagem menor
O analgésico Dôrico, da Sanofi-Synthelabo, encareceu 12,3% na embalagem de 20 comprimidos (de R$ 13,05 para R$ 14,66) e 47% na cartela de quatro comprimidos (de R$ 0,87 para R$ 1,28). O laboratório admitiu que houve uma recomposição das margens deterioradas após quatro anos de congelamento. A Sanofi explicou que, apesar dos reajustes, os preços dos remédios continuam competitivos.

"Há uma recuperação gradativa, mas os preços ainda baixos não impedem o acesso do consumidor", disse um técnico da empresa.

Técnicos da Cmed (formada por representantes dos ministérios da Saúde, Fazenda, Justiça e Casa Civil) disseram ontem ter conhecimento dessas variações altas desde que os produtos saíram do controle. Segundo eles, são produtos com valor agregado baixo, de alta competitividade entre os fabricantes, que o consumidor pode substituir pelos de preço menor.

"A questão está sendo avaliada pela Cmed para saber que medidas tomar", disse um dos técnicos.

A liberação dos preços dos medicamentos, anunciada em fevereiro de 2003 pelo Ministério da Saúde, obedeceu a duas exigências: os remédios listados poderiam ser vendidos sem receita médica e teriam de ter, pelo menos, cinco concorrentes. Na época, o secretário-executivo do ministério, Gastão Wagner, alertara que as indústrias que aumentassem muito os preços perderiam mercado.

De lá para cá, as cerca de oito mil apresentações mantidas sob controle tiveram dois reajustes, um em setembro e outro em março, que acumularam o índice de 7,8% nos dois períodos. Atenta às variações, a dona de casa Marilda Pereira procura pesquisar em duas ou três farmácias antes de levar o remédio Ablok Atenelol, que toma diariamente para controlar a pressão.

" Antes, eu conseguia o remédio no hospital. Mas agora está sempre em falta. O jeito é comprar antes do aumento e correr atrás de ofertas".

LEDICE ARAUJO
do jornal O Globo

   
 
 
 

NOTÍCIAS ANteriores
27/04/2004 Taxa de desemprego sobe para 12,8% em março
27/04/2004 Palocci afirma, em NY, que salário mínimo terá aumento conservador
27/04/2004 Autores criticam avaliação de livros didáticos
27/04/2004 Serviço de urgência segue sem integração
26/04/2004 Segregação entre ricos e pobres tem raízes históricas
26/04/2004 Lula admite falhas no programa Primeiro Emprego
26/04/2004 Reforma do Judiciário pode ser aprovada em 40 dias
26/04/2004
Desemprego em SP não reflete país, diz Meirelles
26/04/2004
Verba para a segurança fica em 3,7%
26/04/2004
Mundo está longe das metas sociais