O ministro
Antonio Palocci Filho (Fazenda) sinalizou ontem que o aumento
do salário mínimo deverá ser conservador.
Segundo Palocci, o reajuste do mínimo não pode
afetar o equilíbrio das contas públicas.
Disse ainda que a elevação do salário-família
será um ponto importante nas considerações
a serem feitas para a definição do percentual
de aumento do mínimo.
Conforme a Folha publicou no começo deste mês,
o governo pretende incrementar o salário-família
como forma de compensar um reajuste mais tímido para
o mínimo. "O nível adequado do salário
mínimo é aquele que melhor possa atender a necessidade
dos trabalhadores e o equilíbrio das contas públicas",
disse.
Para o ministro, "o equilíbrio das contas públicas
interessa diretamente aos trabalhadores".
Segundo ele, um desajuste fiscal poderia provocar muita pressão
inflacionária, o que reduziria o poder de compra do
dinheiro.
"Com inflação alta você tem a corrosão
do salário da população de baixa renda.
O equilíbrio das contas públicas é necessário
para permitir devolver o poder de compra dos salários",
disse Palocci, após encontro ontem com dirigentes do
Fed (banco central americano) de Nova York.
Palocci criticou o fato de, no Brasil, as pessoas se preocuparem
muito com o valor do reajuste do mínimo, sem dar a
devida atenção para o impacto que a inflação
tem sobre o salário dos trabalhadores. "Se conseguirmos
um bom salário mínimo e uma inflação
ruim [alta], o resultado é exatamente zero."
De acordo com o ministro, um dos motivos de a renda do trabalhador
ter voltado a se recuperar neste ano foi o sucesso obtido
no combate à inflação.
Peso relevante
Palocci falou também que o salário-família
tem um peso relevante na composição da renda
das pessoas mais pobres.
"Isso [o aumento do salário-família] deve
ser um ponto importante nas considerações do
presidente [Luiz Inácio Lula da Silva] e dos ministros,
na medida em que a preocupação do governo é
dar a possibilidade de o trabalhador e sua família
terem condições dignas de vida."
O benefício é pago pela Previdência Social
a trabalhadores com carteira assinada e aposentados que tenham
dependentes de até 14 anos de idade ou inválidos.
Segundo a Folha apurou, os estudos técnicos prevêem
aumento do benefício dos atuais R$ 13,48 para R$ 25
por filho. Dobrando o valor, o governo estaria elevando a
renda dessas famílias, sem onerar a folha de pagamento
das empresas.
No encontro com os dirigentes do Fed, Palocci disse que as
conversas giraram em torno das políticas econômicas
do Brasil e dos Estados Unidos.
O ministro participa hoje de um seminário sobre o Brasil
organizado pela Câmara de Comércio Brasil-Estados
Unidos.
LEONARDO SOUZA
da Folha de S.Paulo
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