O Banco
Central elevou para 5,5% a expectativa de inflação
para 2005, contra 5,3% da previsão anterior. Ambas
as projeções estão acima do objetivo
do BC para o ano, que é um IPCA (Índice de Preços
ao Consumidor Amplo) de 5,1%.
Essa elevação, segundo a autoridade monetária,
foi causada pela aumento de preços registrado nos primeiros
meses do ano, que ficou acima do esperado. No entanto, o BC
espera para o ano que vem que o IPCA fique abaixo da meta
de inflação determinada pelo CMN (Conselho Monetário
Nacional).
'Essa trajetória de redução da inflação
está primordialmente associada aos efeitos defasados
do processo de ajuste da taxa básica de juros conduzido
pelo Copom [Comitê de Política Monetária
do BC] desde a reunião de setembro', explica o relatório
trimestral de inflação do BC, divulgado hoje.
A meta de inflação para este ano é de
4,5%, com margem de tolerância de 2,5 pontos percentuais
para cima ou para baixo. No entanto, em setembro do ano passado,
a autoridade monetária elevou o objetivo para 5,1%.
Desde setembro o Copom promoveu sete elevações
consecutivas da taxa de juros básica da economia, que
hoje está em 19,25% ao ano.
O cenário trabalhado pelo BC leva em conta a Selic
neste nível e um dólar cotado a R$ 2,70.
Para 2006, o BC prevê um IPCA de 3,8%, portanto, abaixo
da meta de inflação, que é de 4,5%, com
intervalo de dois pontos para cima ou para baixo.
O BC também divulga no relatório as previsões
com o cenário traçado pelo mercado financeiro,
que tem previsões mais pessimista que a autoridade
monetária. Para este ano, a inflação
tendo como base o cenário dos agentes de mercado é
de 6,1% e para o ano que vem, 4,8%.
Sobre o crescimento da economia, o BC manteve a previsão
de um aumento do PIB (Produto Interno Bruto) de 4%. No ano
passado, a economia cresceu 5,2%, segundo o IBGE (Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística).
'Os indicadores do nível de atividade sugerem que
o arrefecimento da expansão, observado a partir do
segundo semestre de 2004, prossegue neste início de
ano. Esse comportamento é característico em
períodos subseqüentes à obtenção
de patamares produtivos elevados, constituindo-se em um aspecto
favorável à sustentabilidade do atual ciclo
econômico', diz o relatório.
O BC prevê que a produção agropecuária
em 2005 alcance resultados similares ao do ano passado. Segundo
o IBGE, a atividade agropecuária cresceu 5,3% no ano
passado. Para este ano, a autoridade monetária espera
um crescimento de 4,8% neste setor, segundo o relatório
de inflação.
Para a atividade industrial, que cresceu 6,2% em 2004, o
BC espera um aumento de 4,6% nesta atividade. Para o setor
de serviços, a previsão é de um crescimento
de 3,1%, ante 3,7% do ano anterior.
O ciclo de expansão da economia, segundo o BC, é
conseqüência de bons resultados em diversos setores,
como o comércio exterior, indústria e a recuperação
dos investimentos. De acordo com o documento, esse crescimento
da economia se dá de forma mais equilibrada entre oferta
e demanda. Quando iniciou o processo de ajuste da taxa Selic,
em setembro, um dos temores do BC é que com a falta
de investimento a indústria não conseguisse
acompanhar a demanda, o que causaria uma pressão inflacionária.
A taxa de investimentos em 2004 foi de 20,1%, a maior desde
1995.
'A expansão econômica ocorre a um ritmo menor
e mais condizente com as condições de oferta,
de modo a não resultar em pressões significativas
sobre a inflação. Apesar do aumento da projeção
da inflação para 2005, as perspectivas são
de convergência de inflação para a trajetória
de metas já a partir do segundo trimestre de 2006.'
O relatório ressalta também o crescimento do
mercado de trabalho, o maior consumo das famílias,
a redução da relação entre a dívida
líquida do setor público e o PIB e da parcela
da dívida atrelada ao dólar. De acordo com o
relatório, os dois últimos fatores 'favorecem
a melhor percepção de risco-país e reforçaram
a expectativa de uma dinâmica benigna da dívida
pública a curta e médio prazos. Essa percepção
é fortalecida pela continuidade do esforço fiscal
em 2005, traduzida na fixação da meta do superávit
primário [receitas menos despesas, excluindo os gastos
com juros] em 4,25% ao ano, conforme deliberado no processo
orçamentário para o ano'.
ANA PAULA RIBEIRO
da Folha Online |