Boa parte
da legião de trabalhadores desocupados no país
é formada por negros de baixa escolaridade e renda
e mulheres. É o que mostra a pesquisa Situação
dos negros no mercado de trabalho, divulgada ontem pela Secretaria
Municipal de Trabalho de São Paulo, com base na Pesquisa
Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2001.
O estudo não levou em conta outras variações
de cor de pele existentes no país.
"Esta pesquisa revela o perfil da desigualdade e da
exclusão no país que rebate na educação
e pobreza", diz o secretário municipal do Trabalho
de São Paulo, Marcio Pochmann, lembrando que 60% dos
pobres no Brasil são negros.
A taxa de desemprego entre os negros chega a 10,7%, contra
8,3% entre os brancos, segundo dados do desemprego aberto
em 2001. E as diferenças não param na falta
de vagas. Enquanto 40,5% das pessoas de cor branca ocupadas,
num total de 41.278.258, são assalariadas com carteira
assinada, apenas 29,9% do total de negros ocupados (33.972.305)
estão nessa situação. Dos assalariados
sem carteira, os negros representam 21,4% e os brancos, 15,9%.
A situação piora à medida que o trabalho
exige menos qualificação. Do total dos não-brancos
ocupados, 9,6% desempenham serviços domésticos,
contra 6,3% entre brancos. De cada 10 trabalhadores domésticos,
seis são negros.
"Para mudar o panorama do desemprego no país
é preciso atacar a falta de educação,
mais presente entre as pessoas de baixa renda", disse
Pochmann, ressaltando que os negros representam 46% da população
e, desse contingente, 61% são pobres, 36% pertencem
à classe média enquanto apenas 17% são
ricos.
Já as mulheres negras são duplamente discriminadas.
A taxa de desemprego entre elas é de 13,9%, contra
8,4% das brancas.
"Elas são discriminadas pela raça e pelo
sexo, mesmo entre os homens negros e as mulheres brancas",
ressaltou Marcelo Neri, pesquisador do Centro de Políticas
Sociais da FGV.
Em São Paulo, o estudo mostra que a exclusão
é ainda mais grave. Em 2003, o desemprego entre os
não-brancos foi de 21,3%, contra 16,9% dos brancos.
A população negra equivale a 30% dos paulistanos
e a 40% dos desempregados.
As informações são
do Jornal do Brasil.
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