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estatística
28/04/2004
Acidentes de trabalho no Brasil é o dobro dos números oficiais

BRASÍLIA. As estatísticas brasileiras sobre acidentes de trabalho dobram se for contabilizado o setor informal, afirmou ontem o presidente da Organização Internacional do Trabalho (OIT) no Brasil, Armand Pereira, para quem os dados oficiais do país sobre o problema estão subdimensionados. Pelo levantamento dos ministérios do Trabalho e da Previdência, que inclui apenas o mercado formal, 2.898 trabalhadores morreram em 2002, vítimas de acidentes de trabalho, e 15.029 ficaram inválidos.

Apesar da redução do número de acidentes de trabalho nos últimos 30 anos, a OIT criticou o fato de o Brasil não ter qualquer acompanhamento sobre os acidentes com trabalhadores sem carteira assinada.

"Temos um papel restrito no âmbito nacional. Não somos polícia, somos um organismo internacional, e o Brasil precisa melhorar seus registros e dar mais atenção ao setor informal da economia, principalmente na agricultura", disse Pereira, lembrando que dos 71,6 milhões de trabalhadores brasileiros, apenas 35% têm cobertura do INSS.

Subnotificação de acidentes
Para a OIT, não basta apertar a fiscalização nas empresas, que muitas vezes, deixam de notificar aos órgãos competentes os acidentes menos graves: é preciso investir numa gestão integrada das áreas de segurança e saúde e implementar um diálogo permanente entre empregadores e trabalhadores.

Pereira disse que o avanço da terceirização em setores de alto risco, como petroquímico e elétrico, contribuiu para o aumento dos acidentes e das doenças ocupacionais:

"Muitos óbitos não são registrados como acidentes de trabalho".

Segundo a OIT, a situação do Brasil é pior que a do Uruguai, se for levado em consideração apenas o mercado formal. E na comparação com os EUA, o número de mortes no Brasil é quase 20 vezes maior: enquanto entre os americanos a proporção é de cinco mortes por cada milhão de trabalhadores, entre os brasileiros esse número sobe para 113.

O ministro do Trabalho, Ricardo Berzoini, admitiu que os acidentes de trabalho no país são subnotificados porque as empresas têm medo da fiscalização. Ele disse que o assunto será debatido no Fórum Nacional do Trabalho, formado por governo, empresas e trabalhadores.

Doenças respiratórias
Hoje, Dia Mundial da Segurança e Saúde do Trabalho, a OIT vai assinar convênios com os ministérios do Trabalho e da Previdência e doar kits para diagnóstico de silicose (doença que atinge os pulmões, causada pela sílica, comum em marmorarias, pedreiras, construção civil e indústria naval). No Brasil, há 6,5 milhões de trabalhadores expostos à sílica.

Pereira disse que este ano a OIT quer chamar a atenção para substâncias perigosas, violência no local de trabalho e doenças respiratórias de origem ocupacional.

 

GERALDA DOCA
do jornal O Globo

   
 
 
 

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