Gerar
postos de trabalho em volume suficiente para fazer diferença
nos índices de desemprego depende da retomada do crescimento
econômico. Esse diagnóstico, praticamente consensual
entre os especialistas, não dispensa medidas específicas
para criar vagas. No encerramento da série sobre emprego
iniciada no domingo, economistas, empregadores e sindicalistas
apontam formas de reduzir a falta de trabalho.
Um cálculo constante no Plano Plurianual do governo
estima que cada ponto percentual de elevação
do Produto Interno Bruto (PIB) provoca 0,5 ponto percentual
de redução do desemprego. Outra relação
com o PIB projeta em 4% a expansão necessária
apenas para absorver a população que ingressa
no mercado de trabalho a cada ano.
" A principal causa do alto desemprego é a falta
de crescimento, mas medidas específicas podem ser tomadas
diante da estagnação. Teriam resultados melhores
com a reativação econômica, mas podem
reduzir os problemas sociais", resume o professor da
Universidade de Campinas (Unicamp) Cláudio Dedecca.
O gaúcho Márcio Pochmann tem aplicado essa
estratégia na Secretaria de Desenvolvimento, Trabalho
e Solidariedade do município de São Paulo -
a maior concentração geográfica de desempregados
do país - cerca de 20%, ao redor de 1 milhão
de pessoas, conforme números da Fundação
Seade e do Departamento Intersindical de Estatística
e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese). Segundo
a secretaria, não fossem essas iniciativas, a taxa
poderia ultrapassar 24%.
Gerar renda para famílias que mantenham crianças
e adolescentes na escolas é uma das estratégias.
Não cria vagas, mas reduz a pressão na procura
de emprego, explica o secretário. Planos locais de
desenvolvimento e mais microcrédito são outras
opções para amenizar a falta de trabalho.
A reforma trabalhista como instrumento de expansão
das vagas é bem-vista pelos especialistas, mas em outro
momento. Dedecca considera improváveis alterações
profundas neste governo:
"Em situação de ausência de crescimento
não há dúvida de que a reforma trabalhista
será para tirar direitos".
MARTA SFREDO
do Zero Hora
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