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relatório
27/04/2004
Social Watch: Brasil é um dos países mais violentos

Relatório divulgado ontem pela ONG internacional Social Watch apontou o Brasil como um dos países mais violentos do mundo e empregou a palavra ''genocídio'' ao reportar que, nas periferias das grandes cidades, a média de jovens entre 15 e 24 anos assassinados é de 230 por cada 100 mil habitantes.

O estudo pondera que o Brasil não está em guerra, mas afirma que o índice de mortes violentas nos grandes centros urbanos condiz com a situação de países que vivem situações de conflito.

''Análises comparativas com países em guerra ou em situações de intenso conflito concluem que houve mais mortes por arma de fogo no Rio de Janeiro do que em confrontos armados em Angola (1998-2000), Serra Leoa (1991-1999) Iugoslávia (1998-2000), Afeganistão (1991-1999) ou Israel (1991-1999)'', compara o relatório, divulgado ontem na sede das Nações Unidas, em Nova York.

A radiografia da situação brasileira foi encomendada ao Centro de Estudos de Segurança e Cidadania da Universidade Cândido Mendes (Cesec), ligado ao Observatório da Cidadania, ONG que representa a Social Watch no Brasil. Os dados do Cesec destacam a má distribuição de renda entre pobres e ricos e, principalmente, entre negros e brancos, como um dos responsáveis pela marginalidade que provoca mortes violentas entre os jovens negros, com idade entre 15 e 24 anos.

O artigo aponta ainda a demora das autoridades federais e estaduais na elaboração de políticas públicas de segurança e afirma que o assunto virou prioridade apenas na segunda metade dos anos 90.

''Durante os anos 80 e até mesmo na década de 90, predominava o silêncio e a indiferença sobre mortes violentas entre intelectuais, universidades, mídia e até mesmo entre as ONGs'', afirma o artigo assinado por Silva Ramos e Julita Lengruber, respectivamente coordenadora e diretora do Cesec.

O estudo destaca, no entanto, a importância de iniciativas do Congresso, como a aprovação do Estatuto do Desarmamento, em 2003, e a articulação, por parte da sociedade civil, de grupos de combate à violência.

- Iniciativas criadas pelas maiores vítimas da violência, movimentos como o Olodum, Afro Reggae, Viva Rio e Sou da Paz, em São Paulo, foram primordiais para combater este quadro - afirma Sílvia Ramos.

Entre os vários dilemas que assolam a humanidade, a Social Watch aponta que ''talvez o melhor exemplo no combate à Aids esteja sendo dado pelo governo brasileiro, pressionado pela sociedade civil''. Segundo o documento, ''desde 1996 o Brasil tem oferecido acesso amplo e gratuito ao tratamento anti-retroviral. Logo no primeiro ano, o programa conseguiu prolongar o tempo de vida dos portadores de cinco para 58 meses''.

Segundo a Social Watch, atualmente 40 milhões de pessoas estão contaminadas pela Aids, mas poucas têm acesso a tratamento de qualidade. O estudo afirma que, na América Latina, por conta do programa brasileiro, 200 mil pessoas têm acesso ao tratamento contra a doença. Números que deveriam servir de exemplo para outras partes do mundo, como a África subsaariana, onde apenas 50 mil pessoas são medicadas contra a doença mortal, e a Ásia, continente em que só 43 mil são tratados.

A ONG estabeleceu estudos comparativos entre mais de 100 países para medir índices de segurança alimentar, saúde, educação e habitação, entre outros. Num quadro geral , o Brasil ficou bem-posicionado, com exceção dos indicadores de Informação, Ciência e Tecnologia e Gastos Públicos, em que foi comparados com países como Albânia e Bangladesh.


FERNANDA NIDECKER
do Jornal do Brasil

   
 
 
 

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