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novela
29/04/2004
Reajuste do mínimo avança apenas em R$ 1

BRASÍLIA. Aumento de R$ 1. Esta foi a única concessão feita pelo ministro da Fazenda, Antonio Palocci, para fechar a proposta de reajuste do salário-mínimo ao fim de uma manhã inteira de negociações com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ministros e técnicos da área. Lula entrou a noite negociando com o núcleo fechadíssimo dos ministros palacianos — até mesmo o ministro da Previdência, Amir Lando, foi excluído — mas o anúncio do mínimo que deve entrar em vigor no sábado só deve ser feito amanhã.

Hoje haverá nova rodada de reuniões pela manhã e a idéia, segundo o líder do governo na Câmara, Professor Luizinho(PT-SP), é que o presidente anuncie o novo mínimo com medidas de geração de empregos. Isso minimizaria o impacto negativo de um reajuste insignificante.

Na reunião da manhã, Palocci subiu a proposta da equipe econômica de R$ 256 (apenas a reposição da inflação) para R$ 257, para corrigir um aumento maior do INPC de maio, que pode estourar a previsão. Mas a área política ainda acreditava que Lula poderia convencê-lo a aumentar mais, para chegar pelo menos a R$ 260 ou a algo perto de R$ 265.

Quinta reunião em um mês
Na quinta reunião de uma maratona que tem promovido neste mês para tentar chegar ao novo valor do salário-mínimo, Lula ainda tentava até o último momento dar um reajuste maior. A reunião da noite contou com a presença apenas dele, de Palocci e dos ministros Guido Mantega (Planejamento), José Dirceu (Casa Civil), Ricardo Berzoini (Trabalho) e Aldo Rebelo (Coordenação Política).

O deputado Professor Luizinho deixou a primeira rodada da reunião informando que não havia decisão, mas que o aumento seria acima da inflação. Segundo Luizinho, Lula também quer anunciar um programa de geração de empregos.

"Não tem decisão ainda. Mas o presidente garantiu que haverá uma recuperação do salário-mínimo, mesmo que não seja na proporção que gostaríamos", afirmou o líder do governo.

A fixação de um mínimo próximo a R$ 260,00, acompanhada de um salário-família de R$ 25 por filho, representaria um gasto adicional de R$ 1.069,2 bilhão até o fim do ano e de R$ 1.711,2 bilhão em 12 meses. O reajuste do mínimo para R$ 270, com um salário-família de R$ 20 por filho, custará R$ 2.271,3 bilhões até o fim do ano e R$ 3.467,5 bilhões em 12 meses.

Crescimento em contrapartida
Berzoini e o secretário-geral da Presidência, Luiz Dulci, insistiram, mais uma vez, na tese de que o aquecimento da economia vale o gasto adicional. O ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, concorda que quanto maior for o novo mínimo, melhor será para a economia.

"Sem dúvida, o salário-mínimo tem um impacto no consumo", limitou-se a comentar Furlan, depois de participar de uma cerimônia no Palácio do Planalto.

A demora na decisão, na opinião do empresário Jorge Gerdau Johannpeter, que participou ontem de uma cerimônia no Planalto, não é um bom sinal para o mercado. Para ele, o assunto aumenta as incertezas em relação ao equilíbrio fiscal.

"O governo tem margem de manobra estreita na questão do salário-mínimo. Quando a margem é pequena, o bom é ser conservador. O aumento do mínimo acima da inflação nos leva à preocupação com o aumento do déficit", disse Gerdau.

Representante da equipe econômica no debate, Mantega afirmou que o mercado não tem razões para ficar intranquilo. Segundo ele, qualquer reajuste fixado pelo governo vai ser feito dentro do equilíbrio fiscal. O ministro do Planejamento afirmou que a discussão já está bastante amadurecida.

"Não acredito que haja intranquilidade no mercado porque o que o governo fizer será dentro do equilíbrio fiscal. Não abrimos mão da meta fiscal. Ela será cumprida".

Superávit será preservado

Pressionado pelos jornalistas, Mantega só repetia que o equilíbrio fiscal seria preservado e que o superávit primário de 4,25% está assegurado.

"Aguardem o anúncio", disse Mantega.

A postura foi similar a adotada pelos dois ministros mais fortes do governo:

"Eu não anuncio nada. Quem anuncia é o presidente", esquivou-se Palocci.

Já Dirceu sequer respondeu às perguntas que lhe fizeram sobre o assunto. Além deles também participaram das reuniões da manhã Luiz Dulci (Secretaria Geral), Luiz Gushiken (Comunicação Social), Amir Lando (Previdência) e Jaques Wagner (Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social).


As informações são do jornal O Globo.

   
 
 
 

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