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  saúde
30/04/2004
Governo federal não investiu o obrigatório em 2003

O governo Lula está em débito com a Saúde. Em 2003 não cumpriu a Emenda Constitucional número 29, que determina quanto a União deve aplicar em ações e serviços da área. Terá de empenhar R$ 600 milhões neste ano para regularizar a situação.

Segundo o Ministério da Saúde, o descumprimento se deu porque o governo foi surpreendido, no dia 9 de dezembro do ano passado, com um novo resultado da variação nominal do PIB de 2002, 12,29%. Até ali, esperava que ficasse em 10,12%.
Pela regra da emenda, a União deve aplicar na área o valor do ano imediatamente anterior, acrescido da variação nominal (sem descontar a inflação) do PIB do ano em que é elaborado o Orçamento.

Caso o governo não regularize a situação até o fim do ano, estará sujeito a uma ação movida pelo Ministério Público Federal.

"Daremos o cumprimento quando esse valor for pago", disse à Folha o ministro da Saúde, Humberto Costa, na última segunda-feira. Só será possível saber se a emenda foi cumprida no fechamento das contas deste ano.

Os R$ 600 milhões equivalem a duas vezes o que o governo promete gastar neste ano com o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), anunciado por Lula nesta semana em São Paulo.

Segundo o subsecretário de Planejamento e Orçamento do ministério, Valcler Rangel Fernandes, "não era possível naquele momento [a 22 dias do fim do ano, quando recebeu o resultado do IBGE] fazer uma operação orçamentária que viabilizasse o cumprimento". Era a primeira vez que a pasta seguiria a regra de aplicar a variação do ano de elaboração do Orçamento. Segundo ele, o aporte dependeria de aval do Congresso.

Fernandes afirma que antes da divulgação dos últimos resultados do PIB o governo acreditava que iria cumprir a emenda.

De acordo com o subsecretário, a solução encontrada foi negociar a cobertura da diferença de R$ 600 milhões neste ano. O Ministério do Planejamento já "sinalizou" que a pasta será compensada, diz ele. Na definição dos limites de execução orçamentária disponibilizou dinheiro que dá para cumprir a emenda em 2004, resolver a "mora" de 2003 e ainda sobrariam, se cumprida a promessa, outros R$ 500 milhões.

"Estamos nessa expectativa. E atentos para o cumprimento", diz André Luiz de Oliveira, representante dos usuários no Conselho Nacional de Saúde.

Manchete
Em janeiro deste ano, o Ministério da Saúde deu manchete em seu jornal, o "Saúde Brasil", para o cumprimento da emenda pela primeira vez. Os 25 mil exemplares do jornal circulam pelos departamentos da pasta, secretarias municipais e estaduais da Saúde. A informação chamou a atenção do conselho, que em março tinha sido alertado sobre a possibilidade de não-cumprimento da emenda.

Técnicos do ministério foram chamados a dar explicação e apontaram erro na reportagem. Segundo a assessoria de Comunicação do ministério, a notícia não passou pela revisão da área técnica e pagamentos de aposentadorias e pensões, por exemplo, que não são considerados gastos em saúde pelo conselho, foram incluídos indevidamente na conta. Um jornal com a errata circula desde anteontem. "Foi lamentável", afirma Fernandes.

O Ministério Público Federal, que vem acompanhando mais atentamente a questão dos gastos em saúde desde o ano passado, ainda não recebeu a informação sobre o não-cumprimento. Segundo o procurador Carlos Henrique Martins Lima, o órgão tem dificuldades para acompanhar o dia-a-dia das contas da saúde, por carência de informações. De acordo com Lima, se confirmada a situação, "o governo já está em mora", mas não há irregularidade em fazer o aporte ao longo do ano.



FABIANE LEITE
da Folha de S. Paulo

   
 
 
 

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