BRASÍLIA
- As mulheres são maioria em 73% dos municípios
brasileiros que possuem estudantes no ensino médio,
mostra pesquisa do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais Anísio Teixeira (INEP/MEC). O dado espelha
a situação sócio-econômica dos
estudantes.
Esses estudantes sofrem com a violência ou precisam
ingressar no mercado de trabalho para se sustentar.
De acordo com a professora Lourdes Bandeira, do Departamento
de Sociologia da Universidade de Brasília (UNB), cinco
pontos explicariam a questão. “Uma tentativa
de explicação se deve, primeiramente, ao fato
de os jovens homens serem vítimas da violência
urbana, constituindo-se no principal alvo de morte entre 14
e 21 anos. Um segundo aspecto é o retardamento do casamento:
as mulheres hoje não se realizam só pelo matrimônio,
mas pelo trabalho, frequentando a escola e os cursos universitários.
As mulheres também são mais dedicadas e mais
responsáveis, o que faz com que permaneçam mais
tempo na escola”, explicou.
Lourdes – que é coordenadora do Núcleo
de Estudos sobre a Mulher da UNB – acrescenta que ainda
permanece no imaginário social o fato de que o masculino
é o provedor, sendo mais aceitável que ele abandone
a escola mais cedo para ingressar no mercado de trabalho.
Um último ponto, segundo ela, é que as jovens
conseguem conciliar uma dupla jornada, frequentando a escola
e realizando as tarefas domésticas, ao contrário
dos homens, que realizariam apenas uma atividade.
Os dados do Censo Escolar 2003 apontam que, ao todo, são
mais de cinco mil municípios, em que as mulheres representam
51% do total de alunos. Em todas as capitais de estado, a
situação é a mesma. O número de
mulheres supera o de homens na última etapa da escolarização
básica. O maior índice está em João
Pessoa, onde 57,5% dos alunos são do sexo feminino.
O menor índice está em São Paulo, com
51,7% – o que evidenciaria um maior equilíbrio
de gênero.
Para a ministra Nilcéa Freire, da Secretaria Especial
de Políticas para as Mulheres, as mulheres passaram
a ter consciência de sua posição e tentam
se superar para obter um posto no mercado de trabalho. Enquanto
isso, os homens sofrem pressão maior para a entrada
precoce neste mercado, fazendo com que a evasão escolar
seja maior entre eles.
De acordo com o estudo, dos mais de nove milhões de
alunos do ensino médio no Brasil, 54,1% são
mulheres. Além disso, são elas que progridem
mais na educação. Dados do Censo Escolar e do
Censo da Educação Superior mostram que à
medida que aumenta o nível de escolarização,
a participação das mulheres também cresce.
Das pesquisa futuras do INEP, de acordo com a ministra Nilcéa
Freire, passará a constar o recorte de gêneros,
em que se desmembrará os dados para homens e mulheres.
As informações são
da Agência Brasil.
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