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RETRATO DO BRASIL
31/08/2004
População do país vai parar de crescer em 2062

A população brasileira vai parar de crescer em seis décadas se o fenômeno da queda da fecundidade se mantiver constante até lá. Projeções feitas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicam que, em 2062, o crescimento populacional será zero, e o país terá 263,7 milhões de habitantes. Nos anos seguintes, se a tendência verificada hoje não mudar, a taxa deverá começar a cair.

"Não são dados oficiais, mas projeções baseadas, entre outros indicadores, na relação entre o número de nascimentos e o número de óbitos no Brasil", disse o gerente de Análises Demográficas do IBGE, Juarez de Castro Oliveira.

O IBGE divulgou ontem a Revisão 2004 da Projeção da População, que levou em conta as taxas de natalidade e mortalidade calculadas a partir do Censo 2000 e as Estatísticas de Óbitos do Registro Civil 1999-2001 e da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) 2001. Apesar das projeções que apontam para a queda populacional, o número de brasileiros praticamente dobrou em relação aos 93 milhões da década de 1970. Em julho deste ano, a população brasileira já era de 181,5 milhões de pessoas.

A população aumentou em 10 milhões de pessoas somente entre 2000 e 2004. Em 2050, serão 259,8 milhões de brasileiros, e a expectativa de vida ao nascer será de 81,3 anos, a mesma dos japoneses hoje.

As projeções, explicou Juarez Oliveira, demonstram que o Brasil caminha a passos largos para um processo de envelhecimento. Em 2000, os brasileiros de 0 a 14 anos representavam 30% da população, enquanto os maiores de 65 anos eram 5%. Em 2050, os dois grupos se igualarão em 18%.

Idosos
Embora o aumento da população idosa reflita a melhoria na qualidade de vida dos brasileiros, o fenômeno trará transtornos para a economia. Juarez disse que, para cada grupo de cem brasileiros com 64 anos ou mais, há 1.150 em idade ativa (de 15 a 64 anos), o que representa um por 11,5. Confirmadas as projeções do IBGE, esta proporção em 2050 será cem com 65 ou mais para 350 em idade ativa (um por 3,5).

O IBGE prevê ainda o aumento da população de brasileiros com 80 anos ou mais dos atuais 3 milhões para 13 milhões em 2050.

"A longevidade não terá impacto apenas na economia ou no sistema previdenciário. Vai mudar o comportamento do brasileiro. As pessoas deixarão para casar e ter filhos bem mais tarde. Além disso, várias gerações da mesma família vão conviver na mesma casa", disse o pesquisador do IBGE.

Na contramão desta tendência, a população brasileira já não cresce às mesmas taxas do passado. Se o ritmo se mantivesse no mesmo nível observado em 1950 (aproximadamente 3%), em 2004 a população residente no Brasil seria de 262 milhões. Porém, devido exclusivamente à queda dos níveis gerais da fecundidade no país, a diminuição do balanço entre nascimentos e mortes ao longo de 44 anos produziu uma diferença de cerca de 80 milhões de pessoas que não entraram no cálculo populacional em 2004.

Para o IBGE, a taxa de fecundidade tem diminuído deste então devido às transformações ocorridas na família brasileira, como a popularização dos métodos anticoncepcionais e a entrada da mulher no mercado de trabalho. Em 2000, com uma média de 2,39 filhos por mulher, o Brasil estava na 75ª posição entre os 192 países ou áreas comparados pela ONU.

Taxa de crescimento
A taxa de crescimento da população diminuiu de 3% ao ano, no período 1950-1960, para 1,44% ao ano, em 2004, e poderá alcançar 0,24%, em 2050, com uma população projetada em 259,8 milhões de habitantes. Neste ritmo, o IBGE espera que a população do Brasil atinja o chamado crescimento zero por volta de 2062, apresentando, a partir daí, taxas de crescimento negativas.

Em 2000, quando a taxa de crescimento da população era de 1,5% ao ano, o Brasil ocupava a 94 posição no ranking crescente de 192 países ou áreas com 100 mil habitantes ou mais. A média mundial, para o mesmo ano foi estimada em 1,24% ao ano, e no período 2045-2050, poderá situar-se em 0,33% ao ano.

Juarez Oliveira disse que outra previsão verificada neste trabalho é o crescimento da população feminina. Em 2050, o Brasil terá 6 milhões de mulheres a mais do que homens. Em 1980, havia 98,7 homens para cada grupo de 100 mulheres. Esta proporção que caiu para 97% em 2000 e será de 95% em 2050.

"Isso se deve principalmente à violência, que atinge majoritariamente jovens do sexo masculino", explicou.

O IBGE também divulgou ontem, em cumprimento à lei n 8.443, as Estimativas das Populações Residentes nos 5.560 municípios brasileiros. Em relação ao ano passado, houve aumento de população em 72,6% dos municípios e diminuição em 27,2% deles, enquanto em apenas nove (0,2%), não houve alterações. Pelas projeções, a população do município do Rio ultrapassa os 6 milhões de habitantes, só atrás de São Paulo.


CHICO OTÁVIO
do jornal O Globo

   
 
 
 

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