Sete pequenas salas com paredes
feitas de aglomerado de madeira, telhado de amianto, fiação
aparente e vigas de teto com emendas. Para 868 alunos, apenas
quatro vasos sanitários e uma pia.
Essa é a escola provisória para onde serão
transferidos os alunos da Emef (Escola Municipal de Ensino
Fundamental) Maria Berenice dos Santos, no bairro Jardim das
Flores, zona sul. A escola é de latinha e será
substituída por um prédio de alvenaria.
Com pressa de acabar com as escolas de latinha, a prefeitura
está deslocando os alunos dessas unidades para contêineres
e outros prédios provisoriamente. No caso dessa Emef,
a unidade feita com aglomerado foi erguida em um terreno alugado,
a um quarteirão da escola de latinha.
As paredes são repletas de farpas; a fiação
é aparente e ao alcance das crianças; o espaço
é pequeno; o portão, pouco mais largo do que
uma porta comum, não favorece a saída rápida
dos estudantes em uma situação de emergência.
"Isso aqui pode pegar fogo rapidinho", queixa-se
a dona-de-casa Regina Célia da Silva, 30. Seu filho
Paulo Henrique, 10, cursa a 4ª série da escola
municipal.
"Não tem cabimento. Minha filha não entra
aí", reclama Reginaldo do Vale Silva, 40, pai
da menina Thaís, 9, que está na 3ª série.
Maria Cristina da Silva, 31, também teme pela segurança
da filha Annie, 10, que cursa a 4ª série naquela
escola. "Disseram que, se barraco não cai, a escola
também não iria cair", afirma.
Revoltados, os pais criticaram também o período
da transferência. "Faltam apenas dois meses de
aulas. Por que fazer isso agora?", questiona a dona-de-casa
Maria Aparecida Carvalho, 38.
Somente anteontem os pais foram oficialmente informados da
mudança, que deve acontecer na próxima segunda-feira.
Os pais dos alunos estão organizando um protesto para
essa data.
MARY PERSIA
da Folha de S.Paulo
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