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26/05/2006
Carta da semana
Exportação do álcool
"O presidente francês Jacques Chirac e seu ministro
da economia Breton, em sua visita ao Brasil, já estão
"de olho" no nosso álcool combustível,
assim como outros governantes. É mister já tocarmos
num ponto muito importante: a exportação do
álcool. O mundo parece ter visto que esse negócio
de biocombustível ou combustível "verde”
é viável e lucrativo à economia e ao
meio ambiente. Entretanto, essa experiência de sucesso
custou e custa ao Brasil e aos brasileiros um grande sacrifício.
Ao Brasil, pela grande área de terras que é
condenada a essa cultura (em detrimento de outras), a destruição
das estradas e os acidentes, as queimadas e a poluição
tóxica de suas cinzas, o resíduo ácido
do vinhoto, etc... ; aos brasileiros, as vidas perdidas dos
cortadores de canas, o padrão de trabalho [indigno]
dos bóias-frias, a insalubridade, etc.
Por isso o alerta. Provavelmente nenhum país quis,
ou vai querer, submeter-se aos sacrifícios necessários
para produzirem seu combustível “verde”.
As custas dos outros seria mais conveniente. O país
tem que estar atento e evitar qualquer oferta “tentadora”
quanto à exportação: não há
preço que pague o que nos custou e custa produzir esse
álcool. Mais do que o comércio em si, e a oportunidade
do Brasil em livrar-se do estigma de que somos um país
fácil. Já perdemos muito das nossas riquezas
para os estrangeiros, e tudo a preço de bananas.
Observando custos x benefícios, a exportação
do álcool não trará vantagens ao povo
brasileiro. Os estrangeiros seriam favorecidos e, como não,
os usineiros que imporão o preço no mercado
interno com a garantia de grande demanda no externo. Além
do que, plantação de cana só favorece
aos grandes produtores (pois requer grandes áreas)
que ganham por quantidade, empobrecendo o trabalhador. A exemplo
o Haiti.
Com a vinda de Chirac ao Brasil, Lula e o presidente francês
anunciaram uma “benevolente” iniciativa para promover
a produção de combustíveis alternativos
em países pobres (que dependem do petróleo).
Falando claro, os sacrifícios da produção
recairão ao terceiro mundo para benefícios do
primeiro. Lula, como presidente do Brasil, tem que prever
os “hábeis” movimentos daqueles que sempre
souberam explorar -muito bem- os países pobres, ou
colônias, como queiram.
Quanto à venda do conhecimento e da tecnologia de produção,
isso sim deve ser comercializado, igualmente difundido para
benefício da humanidade. Mas, que seja muito bem comercializado
e que possamos sacar o melhor proveito disso (como fazem com
as patentes deles) pois, temos a faca e o queijo na mão
e, também é, uma excelente oportunidade de tirarmos
daqueles que muito já levaram de nós",
Arnaldo Andrade Santos,
Lins (SP) - arnaldo.a.s@uol.com.br
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