|
|
19/05/2006
Carta da semana
Marcola para presidente!
“Encontramos justamente
o que procurávamos. Imprensados na correria do nosso
dia-a-dia, nem passava por nossas mentes uma preocupação
mais séria sobre o caminho que as coisas estavam tomando.
Talvez, um ou outro comentário sobre a derrota do timão,
ou quem sabe a nova namorada de Ronaldinho. Para os mais entendidos,
talvez a nova onda fashion de Paris. Ademais, tempo só
dava mesmo para o circuito T (Trabalho, TV e Tudo sobre o
meu - não necessariamente nesta ordem).
Não é de se esperar que os acontecimentos fluam
exatamente como desejamos. Ainda mais quando não nos
diz respeito nem nos interessa. Ora, pensamos, a administração
pública e nossas autoridades estão alocadas
ou eleitas para o fim de nos comandar. Então relaxemos.
O melhor é que realmente estejam bem locadas em suas
funções, porque se o inverso acontece, descobriremos
a nós e as autoridades debaixo do mesmo guarda-chuva
da indiferença quanto ao que se passa em nossa volta
(imagine quanto ao fronte!), e quem sabe esta até também
ligada no circuito T (com certeza não naquela ordem)
Não! Impossível. Algumas autoridades, principalmente
aquelas eleitas, estão realmente muito bem ocupadas.
Numa extensão clara do circuito T, enquanto algumas
ainda se encarregam dos Trambiques, outras avaliam Truques
para explicar os achados de suas nem tão sorrateirices.
Bonito é vê-los falar com elegância e autoridade.
O olor da fragrância encobrindo a podridão parece
que faz-nos sentir menos bobos.
Quando no Torpor do nosso circuito somos avariados por um
dito Marcola, que resolve decretar uma guerra cívil
bem no coração do nosso sossego em contrapartida
à nossa polícia acuadíssima e refém,
ainda pior, de autoridades eleitas, e não eleitas,
tontas e desnorteadas, preferimos acreditar que um cometa
caiu do céu e destruiu todo o nosso bem organizado
sistema de políticas e metas de estado. Dormimos na
lua crescente e ao alvorecer, ao invés do sol, a penumbra.
Não era isto que desejaríamos ver.
A diferença é que a bala do bandido e a morte
dos aguerridos policiais e cívis eram de verdade e
incomodou bastante. Ficou notório a total inoperância
e falência da estrutura Estado como delineador e condutor
do nosso comando. Sensação maior de pânico
deu-se quando o “salvador” Marcola ordenou o fim
de todo este horror ao ser atendido com um sanduíche
de picanha apenas com um único telefonema de celular.
Fiquei vislumbrado com o potencial deste Marcola. Logo me
pus a imaginar se as nossas autoridades fossem tão
hábeis, organizadas, empreendedoras assim. Não
existiria problema que não fosse facilmente resolvido.
Muitas vezes só o celular bastaria. Com um pouco mais
de tempo comecei a imaginar que Marcola poderia ter uma utilidade
social, talvez como presidente do sistema presidiário
ou mesmo como representante dos bandidos nestas organizações
que discutem o direito dos apenados. Só depois que
vi divulgar quanto o cara é culto e leitor contumaz,
entendi que a sua liderança, o seu empreendedorismo,
seu ar desafiante, seu senso administrativo e obviamente,
a sua arte inata para o roubo, tornam-o um candidato perfeito
a presidente da república. Só assim perderíamos
de vez o medo das divergências do estado legal e ilegal.
Marcola para presidente !
PS: Rezemos pelos mortos e choremos pelo futuro que deixamos
para as nossas crianças”,
Alexandre Araruna,
Sao Paulo (SP) - alexandreararuna@hotmail.com
|
|
|
CIDADÃO JORNALISTA é um espaço destinado aos leitores e ouvintes que ao relatarem fatos e experiências de sua cidade, comunidade e cotidiano, tornam-se repórteres por um momento. |