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14/07/2006
Carta da semana
fracasso do ensino
"Sou professor, ex-militante
(lecionei durante 11 anos) e, sinceramente, não me incluo
no conjunto dos que pouco ou nada fizeram pelo ensino. Em 1985
detinha duas "cadeiras" efetivas no ensino médio
paulista, conquistadas com louvor através de dificílimos
concursos públicos. Pois é, pedi exoneração
dos dois cargos e declinei de minha vocação.
Nessa época ganhou corpo o
movimento sindical que se opunha a um governo ditatorial que
todos, queríamos debelar, a qualquer custo. No ensino
o preço foi trocar o critério da competência
pela demagogia política.
Liderado pelo PT, o movimento tomou
corpo e dezenas de milhares de oprimidos professores temporários
conquistaram um lugar ao sol . Todos foram elevados a categoria
de mestres. Senti-me injustiçado, contudo não
foi esse o motivo de minha decisão. A exemplo de nossa
lei Áurea que limitou-se a abolir a escravidão
criando o embrião dos atuais sem terra e sem teto,
o governo da época, também através de
uma lei criou uma legião de professores anistiados
que pouco ou nada tinham para ensinar e decretou o fim da
qualidade do ensino público.
Junta-se aos "sem teto"
e"sem terra" os "sem conhecimento". Na
época coordenava a área de exatas da escola
e já se podia vislumbrar a "tragédia qualitativa
do ensino" em decorrência da efetivação
desses milhares de professores, a maioria desqualificada.
Com muita persistência, consegui uma audiência
com o “todo podero” Sólon Borges dos Reis
da APEOESP e sugeri que aquela entidade que tanto lutava pela
classe coordenasse junto com o governo um projeto de apoio
pedagógico e qualificação permanente
do corpo docente do Estado.
Lembro-me que não reprovou
minha sugestão, mas cheio de convicção
afirmou: "o processo democrático afasta os descontes
e se encarrega de corrigir tempestivamente as deficiências".
Com 35 anos de idade tive tempo de me reciclar profissionalmente”,
Ademar Sanches Ortega -
ademar.sanches@primeoffice.com.br
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