São
muitas as semelhanças entre as candidaturas de Fernando
Collor e Heloísa Helena: ambos são jovens, temperamentais,
metidos a "prendo-e-arrebento", vêm de Alagoas,
apóiam-se num partido pequeno, apresentam-se como "paladinos
da moralidade" e diferentes dos políticos tradicionais.
Confundem agressividade com falta de educação.
O que para Collor era o "marajá", para Heloísa
Helena é Lula. Assim como o ex-governador alagoano,
a senadora tem soluções fáceis e rápidas
para problemas complexos.
Não se pode dizer que, se eventualmente eleita, Heloísa
Helena acabasse nos braços de um algum PC. Mas dá
para dizer que, caso sua terapia econômica saísse
do papel --a redução abrupta dos juros, o controle
de capitais, o aumento dos gastos públicos--, ela teria
dificuldade de cumprir seu mandato por causa da escalada inflacionária.
Dizem que nunca se viu uma eleição tão
chata como a atual. Verdade. Mas isso é reflexo de
amadurecimento, resultado de um longo e doloroso aprendizado.
Parte desse aprendizado revela que os eleitores estão
menos propensos a salvadores da pátria, sejam do PT
ou do PSDB.
Se tipos como Heloísa Helena estivessem na frente,
estaríamos num pleito muito emocionante, mas metidos
em mais uma aventura do tipo Collor.
Coluna originalmente publicada na
Folha Online, editoria Pensata.
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