Lineu
Passeri apresenta hoje a idéia de criar um museu da
música popular brasileira, usando recursos interativos
Lineu Passeri cursou arquitetura na USP, fez mestrado em acústica
e, depois de formado, estudou numa faculdade de música,
na qual aprendeu a tocar contrabaixo e a fazer arranjos. Ele
vai mostrar, hoje, como a mistura dos aprendizados resultou
em um sonho.
Quer criar um museu da música popular brasileira, usando
recursos interativos. Passeri apresentará a sua idéia
a um grupo de paulistanos metidos em uma briga: eles querem
transformar um terreno
de 24 mil m2, com uma reserva de mata atlântica, no
começo da rua Augusta, em um parque público
- a área já foi ocupada pelo Colégio
Equipe, mas é usada hoje como estacionamento.
Alguns integrantes desse grupo procuram alternativas para
o uso do parque
e tentam, assim, convencer a prefeitura a desapropriar o terreno.
"Quem sabe nossos sonhos se casam", arrisca Passeri.
Até pouco tempo atrás, música e arquitetura
caminhavam separadas na vida de Passeri, apesar de ele encará-las
profissionalmente. Ele tinha realizado uma consultoria em
acústica para o Sesc Vila Mariana e uma para a Estação
Pinacoteca. "A vontade de fazer o museu começou
nessas duas experiências." Ganhou, porém,
contornos mais definidos quando Passeri aceitou o convite
para consultor, mais uma vez em acústica, do Museu
do Futebol, cuja inauguração está prevista
para 2008 - será uma espécie de versão
esportiva do Museu da Língua Portuguesa. "Vi as
incríveis possibilidades das novas tecnologias."
Em seu projeto, o espectador vai caminhando por alas, cada
qual dedicada a uma fase da música popular brasileira.
Em um corredor, por exemplo, ele se sente desfilando no sambódromo
do Rio, experimentando a realidade virtual. "As imagens
devem ter altíssima definição, e o som
tem de ser limpo. Quero que o espectador se sinta como se
estivesse na avenida ao lado de todas aquelas mulatas sambando
ao som da bateria da Mangueira."
Em outras alas, será possível assistir, da "platéia",
aos famosos shows da tropicália e aos festivais que
lançaram nomes como Caetano Veloso, Chico Buarque,
Gilberto Gil e Gal Costa. "Esse é o melhor jeito
de manter a memória da MPB."
Na visão de Passeri, o parque, na Augusta, seria adequado.
Até por uma questão histórica: nos tempos
do Equipe, durante o regime militar, aquele foi um dos pontos
mais badalados da música popular brasileira. Além
disso, está próximo da região central,
que se revitaliza com investimentos culturais; a vizinha praça
Roosevelt está se transformando em um pólo de
teatro alternativo. "Mas, mesmo que não seja possível
usar aquele local, a idéia do museu continua de pé",
concede.
Não é uma briga fácil. O terreno é
avaliado em R$ 30 milhões, mas a prefeitura, até
agora, não se mostrou disposta a desapropriá-lo.
Um grupo de moradores, usando como bandeira o fato de que
aquela mata é tombada, já obteve 10 mil assinaturas
e vem conseguindo brecar vários projetos comerciais.
Esses dois sonhos - o parque
e o museu-
revelam um esforço solidário e criativo de moradores
de São Paulo, mas ainda estão longe de sair
do papel. Não existe dinheiro para o memorial nem para
o parque.
A idéia é que, assim como no caso dos museus
da Língua Portuguesa e do Futebol, criados em áreas
tombadas pelo patrimônio histórico, apareça
alguém disposto a colocar a mão no bolso.
Veja detalhes
e fotos do futuro Museu da Música Popular Brasileira:
Formato
com fotos (pdf)
Formato
sem fotos (word)
Fotos do museu:
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Fotos do parque:
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Coluna originalmente
publicada na Folha de S.Paulo, editoria Cotidiano.
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