Há um sentimento --e com razão--
de justiça feita com a prisão de Paulo Maluf e de seu filho
Flávio. As fitas mostram que ambos estavam inquestionavelmente
atrapalhando a investigação da Justiça, coagindo testemunhas.
Além disso, há evidências fortíssimas de que o ex-prefeito
desviou dinheiro público.
Há um sentimento favorável --e com boa dose razão-- à Polícia
Federal que, apoiada pelo Ministério Público e Justiça, tem
realizado ações exemplares, buscando pegar gente poderosa.
Temos, porém, de ter cautelas para que a cadeia signifique
cumprimento da lei e não humilhação --aí passa a ser não só
um problema da família Maluf, mas de todos nós.
Era desnecessário algemar Flávio Maluf, já que ele
não oferecia o menor risco de fugir ou de atacar alguém. Por
que então submeter a família essa humilhação?
A Polícia Federal vem merecendo elogios por suas investigações,
mas ações desse tipo, como já ocorreram em outros episódios,
acabam trazendo holofotes, mas a suspeita da fabricação de
espetáculos midiáticos --isso, daqui a pouco, pode, em vez
de ajudar, prejudicar a sua imagem.
O único lado positivo é que todos vejam o que acontece sempre
com os pobres e quase ninguém reclama.
Coluna originalmente publicada na
Folha Online, na editoria Pensata.
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