Há uma série de motivos para explicar
a crise na qual está metido o governo Lula, alguns desses
problemas que já vêm de longe, como o molde partidário que
exige as piores barganhas para assegurar a sobrevivência dos
partidos ou a falta de burocracia mais estável que impeça
tamanha rotatividade de cargos na administração.
Há também o deslumbramento. A verdade é que Lula e seus
aliados se deslumbraram tanto com o poder como as peruas paulistanas
com a Daslu. O deslumbre existe em qualquer governo e em todas
as partes do mundo, isso faz parte do jogo do poder. Quando
vai além da conta (Collor é um exemplo) os riscos de deslizes
são maiores.
Desde que o PT chegou à presidência, testemunhamos sinais
inquietantes, como o Banco do Brasil comprar ingressos para
shows que arrecadavam verbas para o partido; uma estrela feita
nos jardins do Palácio do Alvorada; reuniões eleitorais serem
realizadas no Palácio do Planalto, o envolvimento atabalhoado
de Lula nas disputas municipais. Não se sabia ao certo quando
começava o governo e terminava o PT. O toma-lá-dá-cá não ocorria
apenas para garantir maioria do Congresso (o que já é escândalo),
mas também para garantir a reeleição do presidente, montando-se
esquemas de alianças partidárias. Assim como a mais badalada
loja de São Paulo, o efeito Daslula, como se vê, tem um preço
alto.
Colunas originalmente publicadas
na Folha Online, na editoria Pensata.
|