Em entrevista
à TV Globo, José Serra (PSDB) atribuiu parte
da má qualidade do ensino no Estado de São Paulo
à migração, o que já está
sendo explorado, na campanha, como preconceito contra os nordestinos.
É certo que quanto mais pessoas pobres, migrantes
ou não, entrem no sistema de ensino, maiores dificuldades
para as escolas públicas. Mas o problema essencial
é que a educação pública é
de qualidade sofrível. Serra foi prefeito e conheceu
a realidade da escolas de três turnos diurnos da rede
municipal, com classes superlotadas. Viu como as professoras
ganham mal, estão desmotivadas e, muitas delas, despreparadas.
O que se espera que saia dali? Muitos filhos de imigrantes,
como Serra, freqüentaram, no passado, a escola pública.
Isso piorou aquelas escolas?
A afirmação de Serra só demonstra que
ele deveria estudar mais sobre educação antes
de emitir esse tipo de opinião. Sua proposta mais ousada
(colocar duas professoras por sala) é apenas um detalhe,
que ele vende como uma grande solução. Não
é uma idéia ruim, mas é apenas um detalhe.
Do jeito como é apresentada tem ares de lance mercadológico.
Não creio que Serra tenha sido preconceituoso --isso
não passa de exploração eleitoral-- ele
só foi desinformado.
Como é desinformado Aloizio Mercadante (PT) que, ao
propor o fim da progressão continuada e defender a
repetência, só vai jogar mais crianças
na rua.
Coluna originalmente
publicada na Folha Online, editoria Pensata.
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