José
Serra sancionou a medida mais ousada de sua gestão:
o pagamento dos servidores das escolas, com base especialmente
no desempenho dos alunos. Para isso, ele teve de enfrentar
a ira sindical e mesmo a incompreensão de parte dos
acadêmicos, defensores da idéia de pagar pelo
mérito é jogar nos professores a responsabilidade
da qualidade do ensino.
Vou repetir aqui que o professor é uma vítima:
ganha mal, seu treinamento é precário, enfrenta,
em especial nas regiões metropolitanas, a violência
cotidiana combinada com a falta de infra-estrutura.
Mas o aluno também é vítima do professor
que, além das dificuldades conhecidas, não gosta
ou não quer ser professor. Isso só piora o problema
das faltas, dos atrasos, da pouca vontade de preparar aulas
mais interessantes.
Professores dedicados e esforçados são tratados
da mesma forma que os relapsos. Não é justo
nem com os professores nem com os alunos.
O bônus proposto faz do professor mais esforçado
sócio do sucesso de seu aluno e do relapso, cúmplice
do fracasso. Isso exige que o poder público que apóie
ainda mais as escolas, do contrário o bônus será
apenas um penduricalho.
Pela importância da rede paulista, esse bônus
terá um impacto nacional e até na América
Latina. Os bons professores (e não faltam professores
dedicados) serão os maiores beneficiados, por serem
reconhecidos em seu esforço.
Coluna originalmente
publicada na Folha Online, editoria Pensata.
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