O uso sustentável dos recursos
naturais do Cerrado pode ser uma alternativa viável
de geração de renda para as comunidades tradicionais
da região. Prova disso é a Fábrica FrutaSã,
empresa de interesse público, sem fins lucrativos,
do CTI (Centro de Trabalho Indigenista) e da Associação
Vyty-Cati das Comunidades Indígenas Timbira do Maranhão
e Tocantins.
A fábrica começou a funcionar em 1994 fazendo
leite de soja. Em 1996, o maquinário foi adaptado para
fazer polpa de fruta congelada, produto que impulsionou as
atividades da empresa. "Até o ano 2000, só
existia uma fabriqueta velha. Depois, ela foi profissionalizada
e oficializada para ser uma empresa de verdade", conta
Miguel Hekler, assessor da fábrica.
O aumento das vendas foi conseqüência natural
desse processo. Em 1998, foram vendidos 5 mil quilos de polpa,
por R$ 12,9 mil. Em 1999, foram 13 mil quilos. No ano 2000,
16,6 mil quilos. Em 2001 e 2002, foram 20,8 mil e 49,9 mil
quilos respectivamente. O ano de 2003 bateu o recorde da empresa
com 65,3 mil quilos vendidos, por mais de R$ 217 mil.
Todas as frutas usadas pela empresa vêm de pequenos
agricultores. "São frutas que as pessoas têm
no quintal. Compramos dos coletores rurais, dos pequenos produtores
e também dos indígenas", diz o assessor.
Quando não são de origem local, elas são
adquiridas de cooperativas de pequenos produtores, com quem
a empresa mantém parcerias. Um exemplo é o cupuaçu,
produzido por cooperativa em Marabá (PA).
"Ainda não temos lucro", admite o assessor.
"Mas falta um pouco", completa, animado. A maior
dificuldade, afirma, é o transporte da matéria
prima. Como os pequenos produtores não têm condições
de levar as frutas até a empresa, é preciso
buscar tudo — "e isso fica muito caro". Além
disso, todas as compras são pagas na hora, para não
dificultar a vida dos fornecedores.
A fábrica é o "braço econômico"
do projeto Frutos do Cerrado, da Associação
Vyty-Cati e do CTI, que recebe apoio do Funbio (Fundo Brasileiro
para a Biodiversidade), do Serviço Alemão de
Cooperação Técnica e Social e do Ministério
do Meio Ambiente. As atividades do Frutos do Cerrado também
são apoiadas pelo Programa de Pequenos Projetos (PPP),
do GEF (sigla em inglês para Fundo Global para o Meio
Ambiente), do qual participam o PNUD, o Banco Mundial e o
PNUMA (Programa das Nações Unidas para o Meio
Ambiente).
Sediada no município maranhense de Carolina, a empresa
tem 11 empregados fixos. "Mas no pico das safras, quando
tem mais demanda, contratamos trabalhadores temporários.
Chegamos a ter mais de 20 pessoas trabalhando aqui",
conta o alemão Hekler. Quase toda a produção,
cerca de 90%, é vendida no próprio Maranhão.
O restante vai para o Tocantins e para Brasília.
Atualmente, a FrutaSã vende polpas de abacaxi, acerola,
araçá-goiaba, bacuri, buriti, cajá, caju,
cupuaçu, goiaba, açuçara, manga, maracujá,
murici e tamarindo. Segundo Hekler, há planos de diferenciar
a produção no futuro, se aparecer algum parceiro.
"Temos a idéia de produzir óleos de frutas
do cerrado cujas polpas não são muito adequadas,
como o piqui. Mas pensamos em fazer o refinamento e não
em vender."
As informações são
da PrimaPagina.
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