Veridiana
Novaes
Idosos brasileiros terão a possibilidade de compartilhar
suas histórias de vida com estudantes de jornalismo
no segundo ciclo do programa social Me Conte sua História.
Essa é uma iniciativa da Federação Brasileira
da Indústria Farmacêutica (Febrafarma). O objetivo
do programa é registrar os depoimentos de pessoas residentes
em asilos sobre suas trajetórias, provocar o encontro
do jovem com uma realidade bem distante e, dessa forma, construir
uma conexão de cidadania.
Segundo o autor e coordenador do programa, Jorge Dias, 80%
dos projetos sociais do Brasil são voltados para crianças
e adolescentes, e os outros 20% são dividos entre as
demais ações . “Esse é um segmento
muito frágil da sociedade, o idoso é o mais
largado. Por isso, a Febrafarma resolveu apoiar essa causa
com um programa social consistente e abrangente”, afirma.
Na primeira etapa do Me Conte a Sua História, em junho
deste ano, foi lançado um livro com 59 crônicas,
narrativas e reportagens, elaborados por estudantes de jornalismo.
Participaram universidades de dez estados brasileiros: Ceará,
Goiás, Minas Gerais, Paraná, Pernambuco, Rio
Grande do Sul, Rio de Janeiro, São Paulo, Santa Catarina
e Distrito Federal. Na segunda etapa serão adicionados
mais oito: Alagoas, Amazonas, Bahia, Maranhão, Pará,
Paraíba, Piauí e Rio Grande do Norte. “Nosso
intuito é abranger o Brasil todo”, ressalta Dias.
Além de ser uma forma de entretenimento, o livro é,
também, uma maneira de melhorar as condições
de vida da terceira idade. Com a venda dos exemplares pela
livraria Saraiva,toda a renda será revertida para as
instituições geriátricas inscritas no
programa.
Autora das histórias Doce Socorro e Ainda um Sonho,
a estudante de jornalismo da Faculdade do Vale do Ipojuca
(Favip ), de Caruaru, em Pernambuco, Janayna Cristina Clímaco
Costa, comenta que a experiência foi fantástica.
“Já fazia trabalho voluntário com crianças.
Porém, descobrir o idoso foi super gratificante profissional
e individualmente como pessoa. Foi uma forma de resgatar a
auto-estima dos idosos e, em mim, um sentimento de cidadania.”
Conforme o estudante da Universiade São Judas, de
São Paulo, Paulo Henrique de Souza Bonfim, participar
do projeto foi uma maneira de unir o útil ao agradável.
Ele conciliou a oportunidade de exercer sua futura profissão
com o voluntariado.
“No começo as idosas da Saúde Casa de
Repouso e Bem Estar ficavam meio desconfiadas. Mas depois
fui criando vinculo e ganhei a confiança delas. Foi
incrível perceber que apenas um pouco de afeto pode
ajudar alguém. Até hoje as visito”, conta
ele.
Bastidores
Janayna e Bonfim relatam comoventes histórias
que aconteceram durante o processo de realização
do livro, que durou cerca de cinco meses. A estudante ajudou
a resgatar, de madrugada, os moradores da Casa dos Pobres,
o asilo onde trabalhou quando a instituição
foi atingida por uma enchente. “Também ajudei
a registrar dona Rita, que não tinha Registro Geral
(RG). Como estava fazendo uma ação social, resolvi
fazer mais uma.”
Já, o jovem, por um acaso, achou a família
de uma de suas personagens em uma cidadezinha na Bahia. “Minha
tia baiana levou o livro para Castro Alves, lugar onde a protagonista
do meu texto A Vida é uma Festa, Maria Gentille, morou
quando ainda moça. Alguns parentes e amigos achavam
que ela estava morta”, comenta.
Na verdade, essa é apenas metade do caminho do projeto.
São quatro livros que fazem parte da coleção
Me Conte a Sua História. “Se depender de mim,
essa corrente não acabará nunca, vai ficar para
posteridade. Afinal, sempre vão ter idosos carentes
de ajuda e atenção”, finaliza Dias.
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