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violência doméstica
12/08/2004
Cães auxiliam vítimas de maus-tratos

Invertendo a lógica tradicional, a Seção de Cães de Guerra do 3º Batalhão de Polícia do Exército, na Capital, vem auxiliando crianças vítimas de violência doméstica a recuperarem a paz e a auto-estima. Em um projeto pioneiro, militares e voluntários apostam na interação com os mascotes como caminho para romper as barreiras erguidas por maus-tratos.

Fruto de uma parceria entre uma equipe multidisciplinar de profissionais, o Exército e a Casa de Passagem da Fundação de Assistência Social e Cidadania (Fasc) da Capital, o projeto se iniciou em outubro. As atividades ocorrem duas manhãs por semana no quartel, beneficiando 14 dos 35 abrigados na Casa de Passagem em decorrência de agressões, abuso sexual ou negligência sofridos dentro da família.

Interagindo com labradores, poodle e vira-lata, as crianças reforçam os vínculos afetivos, reaprendendo noções como respeito e cuidado. Aos poucos, superam limites impostos pela dor. Antes de participar do projeto, Jonas (nome fictício), quatro anos, não falava. Com ruídos incompreensíveis, demonstrava o trauma pelo histórico de violência que provocou sua retirada do convívio familiar, que incluía marcas de queimadura de cigarro espalhados pelo corpo. Depois de três sessões de cinoterapia, marcadas por atividades como correr atrás de bolinhas, acariciar os bichos e montar nos cães, vieram as primeiras palavras:

"Una, una", disse, chamando a cadela labrador Luna.

Conquistas como essa alimentam o entusiasmo dos voluntários envolvidos no projeto, como a psicóloga Lavínia Palma. Os participantes mostram-se mais afetivos, sociáveis e tranqüilos.

Com os cães, os pequenos maltratados e rejeitados no passado perdem o medo de estabelecer novos vínculos. Aprendem que não pode maltratar de quem se gosta, interrompendo a espiral de violência que tende a transformar a vítima em novo agressor.

"A gente percebe que hoje eles estão mais respeitosos e ajudam mais uns aos outros. No caso de Jonas, ele aqui sentiu a necessidade de se expressar, antes não via sentido em falar", diz Lavínia.

O tenente Pedro Jaime Simon Ferraz, que também é veterinário, foi quem idealizou o projeto. Depois de trabalhar com ecoterapia em um quartel em Osório, teve a idéia de realizar atividades semelhantes com cães no 3º BPE. A partir de contatos com amigos, começou a formar a rede de voluntários. Hoje, duas fonoaudiólogas e uma psicóloga o acompanham.

"Se tivéssemos mais voluntários e algum tipo de patrocínio, como rações para os animais ou lanche para as crianças, poderíamos ampliar o número de crianças atendidas. Os resultados são fantásticos", analisa Ferraz.

Saiba mais
O que você pode fazer
- Quem quiser colaborar com o projeto, atuando como voluntário ou fazendo doações de ração ou alimentos para o lanche das crianças, pode entrar em contato pelo e-mail planetdog@ig.com.br ou fone (51) 9961-3068, com Lavínia

Como funciona o projeto
- O Exército oferece o transporte, o local, o lanche e o veterinário. As crianças são da Casa de Passagem, e os voluntários realizam o trabalho terapêutico
- Duas vezes por semana, uma Kombi do Exército busca uma turma de crianças
- Na Seção de Cães de Guerra, um veterinário do Exército e voluntários trabalham com as crianças por intermédio de cães
- Os animais que participam do treinamento passam por avaliações comportamentais do veterinário.
- A maioria dos animais é levada pelos próprios voluntários, pois os cães do Exército são treinados para funções de guarda e, por isso, costumam ser agressivos


As informações são do Zero Hora.

 
 
 

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