Uma pequena casa com apenas um
cômodo e um banheiro começa a ser erguida no
condomínio Colinas de São Francisco, no bairro
do Jaguaré, zona norte de São Paulo. A laje
já está pronta e os primeiros trabalhos de revestimento
terão início em breve. É neste espaço
que 12 jovens e adultos de comunidades carentes da cidade
aprendem uma nova profissão colocando a mão
na massa. Eles são participantes do curso de Ajudante
de Pedreiro, a primeira iniciativa do projeto "Capacitação
Voluntária", desenvolvido pela empresa de construção
civil Gafisa.
Selma Selmikaitis, coordenadora de Recursos Humanos da Gafisa,
explica que a empresa, que já realizava algumas ações
sociais, foi buscar junto às organizações
parceiras, como o Projeto Anchieta e a Pastoral do Menor,
quais eram as reais necessidades das comunidades. "Surgiu
a idéia então de, ao invés de dar o peixe,
ensinar a pescar. Decidimos munir as comunidades com a experiência
que temos e dividir o nosso know how para que elas pudessem
gerar renda a partir de alguma atividade. A proposta é
levar novos conhecimentos e alargar horizontes", comenta.
A Gafisa também convidou seus funcionários
para participarem do projeto. Os engenheiros Alexandre Penteado
e Luca Giangiacomo se tornaram voluntários e ajudaram
a equipe de Recursos Humanos da empresa a desenhar todo o
conteúdo programático do curso. Desde maio,
todos os sábados, os alunos participam de aulas práticas
dentro de uma obra da Gafisa, onde aprendem noções
básicas para a construção de uma casa,
desde a preparação do terreno, uso de ferramentas
e materiais adequados, hidráulica e elétrica
até o acabamento, como a colocação de
azulejos e telhado.
Luca explica que o curso é totalmente prático,
com a realização de apenas uma aula teórica
no primeiro dia do projeto, quando os alunos receberam um
kit de ferramentas. "Desta forma, eles irão aprender
realmente porque construir não é algo fácil,
como alguns pensam. A teoria é passada durante o decorrer
do curso, quando explicamos, por exemplo, porque é
necessário colocar o ferro em determinada posição
e quais problemas acarretarão se isso não for
feito. Eles precisam entender o porquê de todas as etapas,
senão poderão gastar mais material e tempo",
explica Luca.
O voluntário ressalta que, ao final do curso, os
alunos já poderão arriscar pequenos serviços
de pedreiro ou tentarem uma vaga como aprendizes nas construções.
"Isso porque, com os conhecimentos que adquirirem no
projeto, terão possibilidade de crescerem bem mais
rápido do que aqueles que não receberam qualquer
orientação, o que ocorre normalmente".
O aluno Rafael Aparecido Silva de Azevedo, 23 anos, já
faz planos para o futuro. O jovem, que está desempregado,
espera agora ter uma nova profissão. Rafael quer unir
os novos aprendizados sobre construção civil
com a experiência que tem na área de jardinagem
e oferecer serviços diferenciados. "Posso fazer
a alvenaria e ainda completar com um belo jardim, o que fica
muito mais bonito. Vou começar a procurar um trabalho
na área".
O curso será realizado até o mês de
novembro e os alunos receberão um certificado de conclusão.
Segundo Selma, a proposta é, após o término
das aulas, apresentar o projeto piloto aos parceiros da Gafisa,
já que os ajudantes de pedreiro são profissionais
terceirizados nas obras da empresa, além de divulgar
os currículos dos formandos junto ao sindicato de construção
civil, disponibilizando a mão-de-obra especializada.
A empresa pretende ainda, em 2005, ampliar o projeto, criando
outros cursos para novos públicos sempre em parceria
com organizações não-governamentais.
DANIELE PRÓSPERO
do site setor3
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