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Entrevista
18/08/2004
"Meu projeto de vida é a inclusão social"

Aos 29 anos, o ganhador da segunda medalha de bronze para o Brasil nos Jogos Olímpicos tem um discurso diferente da maioria dos atletas. Não há uma única conversa que ele não desvie para seu assunto preferido: o projeto Reação, a ONG que fundou com amigos para dar assistência a mais de 500 crianças em três bairros miseráveis do Rio. Conheça um pouco das idéias de Flávio Canto.

Quando começou esta preocupação com o social?
Flávio Canto - Depois de Sydney (Canto não se classificou) percebi que o judô deveria ser parte da minha vida e não a própria vida. Há coisas muito mais importantes do que ganhar uma medalha olímpica. A gente precisa sacudir a inércia. Escolhi o judô porque é o que sei fazer melhor. Posso até ser chamado de piegas, mas me preocupa muito viver num país tão desigual, tão cheio de problemas

Quantas crianças sua ONG atende?
Canto
- São 400 na Cidade de Deus, 140 na Rocinha e mais umas tantas na Lagoa.

Como você entrou nisso?
Canto
- Quando vi que deveria fazer alguma coisa, falei a um amigo que gostaria de ser voluntário em alguma iniciativa. Ele me convidou. Dois anos depois, a prefeitura, que era parceira, desistiu. Vi então que teria de dar continuidade. Convidei uns amigos, arrumamos 32 patrocinadores e criamos a ONG Reação.

Você prepara uma festa pela vitória de hoje?
Canto
- Não sou muito disso. Aprendi que o sucesso ou o fracasso devem durar dois dias apenas. Depois, é esquecer tudo e tocar a vida.

E as crianças?
Canto
- Elas certamente gostarão. Depois do Pan de Winnipeg, elas seguravam a medalha. Vão fazer isso de novo.

Você é crítico da situação do esporte. O que deve mudar?
Canto
- Hoje, não dá para fazer projetos. Tudo fica na dependência dos resultados. É incrível que o país não tenha ainda uma lei de incentivo fiscal destinada ao esporte. Sem ela, vamos penar. O judô, por exemplo, é muito forte no Brasil, mas o que você vê são cada vez mais atletas parando por falta de incentivo. Os patrocinadores só querem saber dos campeões e esquecem da base. Melhorou um pouco, precisa melhorar bem mais.

Você pensa nisso com a ONG?
Canto
- Meu projeto é social, é de inclusão. Fazer campeões é conseqüência. O mais importante é trazer estas pessoas de volta para a sociedade. Meu objetivo de vida é ser uma pessoa útil.



As informações são do jornal Zero Hora.

 
 
 

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