LONDRINA (PR) - Os educadores da
Guarda Mirim de Londrina, instituição filantrópica
que atende 320 jovens em situação de risco,
estão dando um exemplo de trabalho pedagógico.
Com apenas 15 professores, a instituição já
obteve resultados sensíveis no desenvolvimento dos
alunos e foi elogiada no 1º Congresso de Educação
para Adolescentes em Situação de Vulnerabilidade
Pessoal e Social, realizado em Londrina na semana passada.
A fórmula utilizada pela instituição
é simples e conhecida: estimular o desenvolvimento
do raciocínio a partir de experiências, dando
preparo suficiente aos jovens para a etapa seguinte a aquisição
de conhecimento teórico. Um dos melhores exemplos da
aplicação desse método são as
aulas de química, nas quais os alunos deixam as salas
de aula e vão para a cozinha observar reações
no preparo de alimentos.
''Primeiro eles levantam hipóteses sobre o que pode
ocorrer durante as misturas, depois preparam os alimentos
e fazem as constatações. Assim fica mais fácil
para os alunos aprender as lições teóricas
em suas escolas'', afirma a professora Maria Kyoko Watanabe.
Originalmente ela ensina música, mas também
faz às vezes de professora de ''química-culinária'',
ou ''culinária-química''.
Um grupo de quase 10 meninos preparou bolinhos de chuva para
aprender as reações do fermento. Munidos de
aventais e tocas, eles se dividiram em dois grupos, sendo
que apenas um utilizou o produto na receita. Entre gritos
de ''mexe direito isso aí!'' e ''vai explodir'', eles
fizeram os bolinhos e depois conferiram que havia bolhas de
ar na massa dos que levaram fermento.
Para Wellington Sales Ferreira, 15 anos, aluno de 6ª
série, as lições práticas o ajudam
a absorver as lições teóricas. ''Eu acho
todas as matérias difíceis, mas com esse reforço
parece que fica mais simples entender as coisas'', diz. Quanto
à fama de que garotos não se dão bem
na cozinha, Rogério Trindade, 15, aponta que é
questão de prática. ''Cozinho desde 9 anos,
aprendi vendo minha mãe na cozinha. Faço muitas
coisas, mas bolinho de chuva ainda não sei direito'',
salienta.
A diretora educacional da Guarda Mirim, Luiza Leonor Cavazopti
e Silva, afirma que as atividades práticas transcendem
o âmbito das disciplinas e contribuem para o desenvolvimento
moral dos jovens atendidos. ''É importante para a formação
do julgamento moral dos adolescentes, pois eles verificam
as consequências de uma ação'', argumenta.
De acordo com Luiza, grande parte dos projetos educacionais
em andamento foi implantada no início deste ano, quando
a instituição passou a receber recursos da Sercomtel.
Ela lembra que a Guarda Mirim continua solicitando colaboradores,
tanto para apoio financeiro quanto para trabalhos voluntários.
O telefone da instituição é (43) 3325-7489.
As informações são
da Folha de Londrina - PR.
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