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crescimento sustentável
01/09/2004
Expansão chega ao consumo das famílias

Depois de amargar quedas consecutivas desde o final de 2001, o consumo das famílias, o principal motor do PIB, finalmente se recuperou, registrando expansão de 3,1% no primeiro semestre em relação ao mesmo período de 2003.

No primeiro semestre do ano passado a retração chegou a 4,5%, de acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Com peso de 57% na formação do PIB, a demanda das famílias teve um desempenho ainda melhor no segundo trimestre -alta de 5% na comparação com igual período de 2003.

Para especialistas ouvidos pela Folha, sem uma retomada desse item seria impossível o país sonhar em manter uma rota de crescimento sustentável.

O crédito -mais farto e com prazos maiores- foi o principal propulsor do crescimento das famílias. "Quem não vai comprar com a possibilidade de pagar em até dez vezes sem juros?", questiona Roberto Olinto, gerente das Contas Nacionais do IBGE.

Embora estável nos últimos meses em 16%, os juros estão mais baixos do que em 2003, o que impulsionou especialmente a venda de eletrodomésticos, móveis e veículos. Com isso, movimentou o comércio, que teve expansão de 9,9% no segundo trimestre.

Para Estêvão Kopschitz, do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), a melhora do crédito foi determinante para o aumento do consumo familiar. Já Francisco Pessoa, da LCA, destaca mais dois fatores: renda e emprego.

Com mais gente empregada, diz, cresce a massa de salários, o que permite maior nível de consumo. A renda, afirma, também começa a dar sinais de recuperação. "Mais do que a renda, que ainda está letárgica, o que ajudou o consumo foi o aumento do emprego com carteira assinada", afirma Marcel Pereira, economista-chefe da RC Consultores.

Francisco Pessoa ressalta, porém, que a reação do consumo ainda está muito dependente dos bens duráveis e que ainda existem dúvidas sobre um crescimento das vendas de não-duráveis (calçados, alimentos e outros).

Além do consumo, outro item que compõem a demanda também teve bom desempenho. Foram os investimentos, que subiram 11,7% na comparação com o segundo trimestre de 2003, na maior alta desde o segundo trimestre de 1997.

A maior parte da expansão, para o IBGE, foi motivada pela compra de máquinas e equipamentos -aumento de 28% no trimestre. O IBGE destaca ainda o crescimento de 6% da construção civil, que vinha registrando consecutivas taxas negativas.

No primeiro semestre, os investimentos cresceram 6,8% ante uma retração de 6,2% em igual período de 2003. É o maior percentual registrado desde o primeiro semestre de 2001.

Olinto, do IBGE, diz que "é um forte crescimento". Afirma, porém, que é cedo para dizer se os investimentos estão acontecendo num ritmo suficiente para manter o crescimento nos próximos anos nem se o bom desempenho irá se repetir nos próximos trimestres.

Mais pessimista, Kopschitz, do Ipea, arrisca dizer que os investimentos em infra-estrutura necessários para manter o atual patamar de crescimento não estão sendo feitos. No caso do setor público, que poderia fazer as obras, falta dinheiro, diz ele. Os motivos são dois: o ajuste fiscal e a falta de poupança externa. Já para a iniciativa privada, diz Kopschitz, o problema é que o país avançou pouco para aperfeiçoar seus marcos regulatórios.



PEDRO SOARES
GABRIELA WOLTHERS
da Folha de S.Paulo

   
 
 
 

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