Críticas
ao modelo tradicional de gestão dos albergues públicos
e filantrópicos foram feitas ontem por moradores de
rua e estudiosos do assunto, reunidos no 3º Festival
Lixo e Cidadania, que vai até sexta-feira, em Belo
Horizonte.
Durante a conferência de abertura, Inês Pereira
de Lima, 47, representante do Movimento de Luta do Povo de
Rua, questionou as formas de atendimento à população-alvo
dos albergues. "A maioria está nas ruas porque
bebe, tem problemas com drogas, e por isso não pode
entrar no albergue. Não tem outro lugar, a não
ser a rua", disse Lima. Ela já morou nas ruas
de São Paulo e hoje vive em uma república no
centro da cidade.
Os albergues, na maioria dos casos, proíbem a entrada
e permanência de pessoas alcoolizadas, segundo Maria
Regina Emanoel, 54, integrante do Fórum Nacional de
Estudos sobre População de Rua. "Se o morador
de rua está alcoolizado, é preciso haver um
serviço que possa atendê-lo naquela condição",
disse ela.
Por não concordar com as regras de funcionamento do
local, o morador de rua Sérgio José de Paula
Santos, 44, do Rio de Janeiro, disse ter deixado, há
15 dias, um abrigo do governo fluminense. "O abrigo é
bom, porque te protege, mas te escraviza", disse Santos.
Agressões
Um estudante de 14 anos e um mecânico foram
presos em Eunápolis (a 644 km de Salvador) sob a acusação
de provocar traumatismo craniano no morador de rua Idelbrando
Pereira dos Santos.
Segundo a PM, Santos foi agredido com socos e pontapés
por três pessoas, na madrugada de anteontem, enquanto
dormia em uma rua no centro do município. O suposto
terceiro agressor está foragido.
A Polícia Civil de Campinas (95 km a noroeste de São
Paulo) vai investigar o suposto espancamento de um morador
de rua, ocorrido anteontem. Esse foi o terceiro morador de
rua agredido na cidade nos últimos quatro dias. A vítima
foi internada e seu estado de saúde é considerado
bom.
THIAGO GUIMARÃES
da Agência Folha
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