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entrevista
02/06/2004
Fórum da comunidade promove proteção à infância

Até o próximo sábado, monstrinhos também irão à escola. Dentro da campanha O Amor É a Melhor Herança - Cuide das Crianças, a Fundação Maurício Sirotsky Sobrinho levará os personagens-símbolo do projeto às escolas que mais atividades desenvolverem promovendo a proteção à infância.

A idéia é incentivar as instituições a se tornarem fóruns da comunidade. A professora Carmem Maria Craidy, doutora em educação e professora da Faculdade de Educação da UFRGS, salienta que esses fóruns são a chave para ampliar o contato entre escola e família e oferecer à criança uma infância sem maus-tratos. Confira trechos da entrevista:

ZH Escola - Como diminuir o abismo entre escola e comunidade na questão da violência doméstica?

Carmem Maria Craidy - A primeira coisa é verificar se a criança está realmente sendo maltratada. Será preciso uma conversa com os pais. Além disso, a escola, embora não deva abrir mão de suas atribuições de ensinar, deve transcender essa função, sendo um fórum de discussão da comunidade, um local em que professores e famílias possam conversar sobre a criança.

ZH Escola - Como a escola se torna esse fórum?

Carmem - É comum a escola só conversar com os pais quando há problema com as crianças. Os pais se condicionam a ver um chamado da escola com preocupação ou receio. Isso deve ser invertido. Os pais devem ir mais à escola. Assim, a escola será uma ponte entre crianças e pais e terá mais facilidade para resolver os problemas que surgirem.

ZH Escola - Qual o papel do professor ao perceber que uma criança apresenta sinais de violência?

Carmem - A criança maltratada é deprimida, retraída, triste, agitada, agressiva, ou traz marcas, hematomas, machucaduras. O professor vai precisar ganhar a confiança desse aluno, ser sincero, acolhedor, reforçar a auto-estima. Também precisará desenvolver uma boa interlocução com os pais, conversar sobre o assunto. Quando os pais se comportarem de forma agressiva, ou mesmo retirarem a criança da escola, o recurso que resta é uma denúncia ao Conselho Tutelar.

ZH Escola - E qual o papel do Conselho Tutelar?

Carmem - O conselheiro deveria ter uma formação especial, o que infelizmente não ocorre sempre. Deveria também ter uma retaguarda de instituições a quem encaminhar a criança. Por isso não podemos pensar em casos isolados, e sim em uma política para a infância. Temos de buscar propostas positivas para a infância.

ZH Escola - Que propostas seriam essas?

Carmem - Que espaços há hoje para cultura e lazer dedicados a crianças ou jovens? Um pai que mora na periferia e é assalariado, onde poderia levar os filhos para um programa de lazer? Em que bairros há centros com cinema, biblioteca, espaços de convivência que descontraem e ajudam a compensar situações difíceis? São questões que influem no ambiente familiar e precisam ser discutidas pela sociedade com seus governantes.

ZH Escola - A escola seria esse espaço?

Carmem - A escola é o único espaço público com o que a criança conta hoje. Mas não é possível debitar a solução de todos os problemas na escola. Não se prevê a criança no social. Os bairros não são planejados com espaço para criança. Há edifícios em que os adultos não deixam a criança brincar no playground porque fazem barulho. Quem não quiser ouvir grito de criança que vá morar no campo. A criança não pode mais ser vista como questão privada. É mais do que isso, ela é uma política da sociedade como um todo.

 

As informações são do Zero Hora.

   
 
 
 

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