A coordenadora nacional da Pastoral
da Criança, Zilda Arns, fez ontem uma série
de críticas ao Fome Zero, pedindo mais "articulação"
e "organização". Ela disse que o governo
precisa ouvir mais o "povo" e se recusou a dar nota
ao primeiro ano do programa.
Segundo ela, que em 2003 já havia criticado o programa,
a ação dos traficantes nas periferias das regiões
metropolitanas será um empecilho para o Fome Zero alcançar
esses locais: "Mas o problema será pedir licença
a traficantes para entrar em determinados lugares. Com a Pastoral
da Criança acontece muito isso".
No Palácio do Planalto, antes de ouvir discurso do
presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Zilda Arns, que
já foi indicada ao Nobel da Paz em 2001 e 2002, foi
questionada sobre quais pontos do programa poderiam ser aprimorados
em 2004. Para ela, falta coordenação entre as
esferas do governo.
"A articulação, principalmente. Deve-se
articular melhor, nos níveis federal, estadual e municipal.
Em todo o Brasil, eu ouvi muito essas críticas, e é
tudo verdade. Não só na área do Fome
Zero, mas nas demais áreas sociais."
Para a coordenadora da pastoral, ligada à Igreja Católica,
falta diálogo com os beneficiados pelo programa. "Quem
fica mais perto do povo são os municípios e
suas comunidades. É preciso estar perto do povo para
dar certo. Só assim teremos um fluxo, com a participação
de pessoas, com redes de informação. É
preciso mais organização. O conselho [Conselho
Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional] e o
governo têm de ouvir o que o povo tem a dizer."
O líder do PFL no Senado, José Agripino (RN),
também criticou o Fome Zero. Segundo ele, a ausência
do ex-ministro José Graziano (Segurança Alimentar),
demitido na reforma, é prova da ineficiência
do programa: "A ausência do ex-ministro Graziano
traduz o que é o programa Fome Zero e revela a farsa
da festa de comemoração. Em time que está
dando certo, ninguém mexe. Se o presidente mexeu, é
porque o programa não ia bem", disse.
O PFL divulgou nota afirmando que o governo executou apenas
52,71% (R$ 886.200.184,34) da dotação autorizada
para o programa em 2003 (R$ 1.681.190.346,95).
As informações são
da Folha de S. Paulo, sucursal de Brasília.
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