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otimismo
04/02/2004
Palocci: mudar a economia agora deixaria país sem rumo

O ministro da Fazenda, Antonio Palocci, convocou ontem uma entrevista coletiva para tentar acalmar o mercado, contestar as crescentes insinuações de que a política econômica poderia sofrer mudanças e responder às críticas feitas à decisão do Banco Central (BC) de manter a taxa básica de juros da economia em 16,5% ao ano. Diante da onda de pessimismo que se alastrava pelos meios político e empresarial e dos alertas feitos pelo próprio BC sobre pressões na inflação, o ministro ressaltou que a manutenção da Selic é temporária e que 2004 é mesmo o ano do crescimento e do investimento.

"O Brasil é vencedor. Quem apostar aqui vai ganhar", disse.

Segundo ele, o Brasil se prepara para entrar num ciclo histórico de crescimento e o governo não pretende fazer mudanças na política econômica porque considera que ela tem surtido efeito. Mudar de rota agora, avisou Palocci, seria incompreensível. O ministro disse que o governo tem uma agenda clara e vai cumpri-la. Palocci citou como resultados positivos do governo a melhora do perfil da dívida pública e a manutenção do compromisso de não aumentar a carga tributária em 2003.

Ao mesmo tempo em que fez uma defesa veemente da autonomia do BC, Palocci obedeceu à determinação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e minimizou a importância de se aprovar a curto prazo no Congresso um projeto de autonomia operacional do BC. A mudança institucional, que para o ministro ajudará a diminuir o custo da política monetária, seria um importante legado para futuros governos.

Para o ministro, não há nenhum indício de crise este ano. Ele disse que a inquietação do mercado em relação à possibilidade de aumento das taxas de juros na economia americana é normal porque os investidores trabalham com expectativas. Abaixo, os principais trechos da entrevista de Palocci, que durou cerca de uma hora e meia.

APOSTAS DOS MERCADOS: “Quem apostou no Brasil no início de 2002 ganhou e quem apostou contra perdeu. Este ano vai ser de investimento e de crescimento. Quem apostar no Brasil vai ganhar porque o Brasil é um país vencedor. O que está acontecendo no mercado internacional não é uma piora verde-amarela. Houve desvalorização das moedas e aumento de risco dos países emergentes. Mas isso já era esperado. O mercado trabalha com expectativas e a leitura dos fatos já está dada quando eles acontecem. Por isso, depois do fato, os indicadores costumam melhorar e não piorar.”

MUDANÇA NA POLÍTICA ECONÔMICA: “Depois de termos feito um ajuste e melhorado substancialmente os indicadores econômicos, mudar de rota seria incompreensível. Nem há a possibilidade. Seria colocar o país sem rumo. O que é preciso agora é aproveitar os bons momentos.”

EQUIPE: “Sei que os guardiões do Tesouro não são as pessoas mais amadas. Mas confio plenamente na competência do Joaquim Levy (secretário do Tesouro Nacional) e do Marcos Lisboa (secretário de Política Econômica).”

AUTONOMIA DO BC: “O governo tem que colocar em pauta as questões que são mais urgentes e que pressionam a nossa pauta. Eu diria que a autonomia do BC é um dos temas que menos pressionam o governo hoje porque o BC tem autonomia operacional na prática. Acho o debate procedente, mas o projeto pode ser analisado amanhã, daqui a dois meses, um ano. A autonomia do BC representará um custo menor para a política monetária. Queremos deixar um legado e conquistas institucionais para o futuro.”

JUROS: “O Copom soltou uma nota dizendo que suspendeu temporariamente a trajetória de queda nos juros. Então, se suspendeu temporariamente, não retirou a perspectiva de uma curva de queda. Mas não podemos apenas depender da política monetária. Para termos crescimento, é preciso mexer na microeconomia. Temos uma pauta relativa a marco regulatório, a mercado imobiliário, mercado de capitais e um conjunto de medidas de infra-estrutura. Se conseguirmos fazer com que esses benefícios sejam absorvidos, vamos garantir avanços para que o Brasil tenha um novo ciclo histórico de crescimento.”

INFLAÇÃO: “As pressões inflacionárias de janeiro estão concentradas em fatores sazonais relativos a itens que tradicionalmente aumentam neste período, como escola, transporte e os que sofrem efeitos climáticos. Esses preços mostraram repercussão maior”.

CARGA TRIBUTÁRIA: “Só se pode conseguir um crescimento sustentável de longo prazo se você estabelecer certos parâmetros sólidos. Ano passado, dissemos que iríamos fazer o ajuste sem aumento de carga tributária, mas muita gente não acreditou. Especialistas chegaram a dizer que ela estava em 41%. Mas nossas contas finais mostram que a carga no ano passado ficou 0,5% do PIB mais baixa que em 2002.”

CRESCIMENTO: “Na medicina a gente aprende que o mais legal é você fazer um parto e dizer para a mãe: ‘Olha, o seu filho nasceu bem e é lindo’, mas muitas vezes você tem que dizer para o paciente que ele precisa fazer uma cirurgia. Aqui, a gente às vezes pode falar que o parto foi bem e às vezes tem que anunciar cirurgias ou um tratamento prolongado. Felizmente para o Brasil, a cirurgia já passou, o país já saiu da UTI e está fazendo um tratamento sereno, prolongado, para melhorar a saúde econômica, fortalecer os músculos, crescer e ganhar energia para de fato ser o país que nós todos queremos.”

DÍVIDA PÚBLICA: “Este ano, todos os analistas consideram que a dívida pública, após dez anos, vai cair. É uma boa notícia. Conseguimos deixar a dívida em equilíbrio no ano passado e vamos reduzi-la em 2004.”

POLÍTICA INDUSTRIAL: Em entrevista à TV Globo, Palocci disse: “No passado, tivemos políticas industriais que escolhiam setores e davam benefícios para alguns setores. Não acho que seja o adequado.”



As informações são do jornal O Globo.

   
 
 
 

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