Depois de obterem prorrogação
por mais três meses na alíquota reduzida do IPI
(Imposto sobre Produtos Industrializados), as montadoras agora
defendem um "debate" para que o setor consiga o
que classifica de "patamares mais adequados de impostos".
O argumento da Anfavea (associação das montadoras)
é que a carga tributária do setor no Brasil
é a mais alta do mundo -de 35% sobre o valor final
dos carros. E que estaria muito acima da média mundial,
de 15% a 16%.
"Não podemos ficar vivendo de soluços.
A cada crise, irmos ao governo reivindicar uma nova redução
[de impostos]", disse Ricardo Carvalho, presidente da
Anfavea. "O que deveria ser feito nos próximos
meses, aproveitando a reforma tributária, seriam discussões
para um acerto definitivo, debater a tabela do IPI e ver se
merece aprimoramento", completou.
O incentivo ao setor ocorreu em duas etapas. A primeira, em
agosto. A pedido das próprias montadoras, o governo
decidiu reduzir, a partir de 6 de agosto, em até três
pontos percentuais a alíquota do IPI a fim de estimular
as vendas do setor. Esse acordo, que deveria vigorar até
domingo passado, foi prorrogado, na semana passada, por mais
três meses -até o final de fevereiro de 2004.
Para convencer o governo a estender o incentivo, as montadoras
apresentaram planilhas com a evolução na média
diária de vendas e um estudo pelo qual, embora tivesse
ocorrido queda na arrecadação do IPI, esta foi
compensada com a alta na arrecadação desse imposto
mais o PIS e a Cofins (que incidem sobre o faturamento das
empresas). Segundo a Anfavea, a arrecadação
dos três tributos passou de R$ 422 milhões em
julho (pré-incentivo) para R$ 523 milhões em
outubro.
Produção e vendas
As vendas de carros e comerciais leves recuaram 7,4% em novembro
comparadas às de outubro. Foram comercializadas 130,3
mil unidades no período, contra 140,7 mil em outubro.
Em relação a novembro de 2002, no entanto, houve
aumento de 5,7%.
A produção de veículos no mês passado
atingiu 168,1 mil unidades, resultado praticamente estável
em relação a outubro (168,7 mil). Sobre novembro
de 2002 (produção de 165,4 mil unidades), houve
acréscimo de 1,6%.
Os resultados dos últimos três meses fizeram
com que a Anfavea revisse, para cima, as projeções
do ano. As montadoras estimam encerrar o ano com produção
de 1,82 milhão de unidades, com alta de 1,7% sobre
o 1,79 milhão de unidades produzidas em 2002. Até
novembro, a projeção também era de expansão,
mas de 1%.
Revisão mais expressiva é a que se refere às
vendas internas: até outubro, a Anfavea estimava queda
de 10% no ano. Agora, prevê que ficará em "apenas"
6,8% (de 1,48 milhão em 2002 para 1,38 milhão
de unidades neste ano).
José Alan Dias,
da Folha de S.Paulo.
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