O ministro José Dirceu (Casa
Civil) defendeu ontem uma "revolução"
nas universidades públicas para evitar que sejam superadas
por instituições privadas. Sem dar detalhes,
antecipou que essas mudanças são polêmicas.
"Esse é um tema muito polêmico, o pau vai
comer como aconteceu na reforma da Previdência",
disse.
Ontem, ao fazer palestra sobre desenvolvimento para servidores
públicos no Palácio do Planalto, Dirceu disse:
"Infelizmente não posso falar o que penso, mas
vou falar telegraficamente: o Brasil precisa enfrentar o problema
da universidade pública".
Segundo ele, para manter a universidade pública e gratuita,
como quer o governo, será preciso revolucionar, "senão
ela vai entrar em crise atrás de crise".
Para Dirceu, "o ensino particular começará
a investir em pesquisa e melhorar a qualidade" por pressão
dos alunos. "Eles vão se recusar a ir para a faculdade
particular que não tenha qualidade, mestres, doutores
e laboratórios."
Dirceu disse ainda que o ministro Cristovam Buarque (Educação)
convocou reitores para um amplo debate. Mas isso não
é o suficiente: "A sociedade, os estudantes e
os funcionários precisam assumir isso com coragem".
Ele deu dica do que poderá mudar no setor a partir
da Lei de Inovações. "Vamos mudar toda
a relação da universidade com o empresariado,
empresas, fundos de investimento". Citou como bons exemplos
o ensino superior da China e da Coréia do Sul.
Essa lei, que o governo quer alterar, foi aprovada na gestão
Fernando Henrique Cardoso. Prevê a criação
de fundos setoriais para custear pesquisas em áreas
estratégicas. Ao falar sobre possíveis mudanças,
disse: "Vamos tomar partido porque gostamos e somos bons
de disputa política e social".
Gabriela Athias,
da Folha de S.Paulo.
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