A esquerda do PT cobrou ontem o
afastamento do governador de Roraima, Flamarion Portela, do
partido. Os petistas vão encaminhar uma petição
à Executiva Nacional pressionando para que o governador
se licencie enquanto durarem as investigações
da Operação Gafanhoto. Portela é suspeito
de participar de um esquema de desvio de R$ 320 milhões
da folha de pagamento dos servidores do Estado.
"O PT sempre teve como bandeiras o combate à
corrupção e a defesa da ética. Até
que todos os fatos sejam apurados, o governador deve se afastar
para não macular a imagem do partido", defendeu
o deputado Ivan Valente (PT-SP).
Um dos líderes do movimento, Valente negou que, ao
centrar as atenções em Flamarion, a real intenção
da esquerda petista seja desviar o foco do processo de expulsão
da senadora Heloísa Helena (PT-AL) e dos deputados
Babá (PT-PA), Luciana Genro (PT-RS) e João Fontes
(PT-SE).
"O caso da senadora e dos demais parlamentares é
uma questão de divergência política. O
caso do governador pode envolver questões éticas
e de corrupção", diferenciou Valente.
Para o deputado Chico Alencar (PT-RJ), todos os direitos
de defesa devem ser garantidos ao governador de Roraima.
"Mas ele não pode achar que a estrela do PT é
um escudo", apontou.
O presidente nacional do PT, José Genoino, que se
reuniu com Flamarion na noite de quarta-feira, foi duro em
relação ao manifesto dos parlamentares petistas.
Segundo ele, os deputados devem colaborar no esforço
do PT para consertar o Estado de Roraima. Reafirmou que o
partido vai apoiar as investigações e declarou
que Flamarion não precisa de defesa, nem de acusação.
"Eles não estão preocupados em acabar
com a corrupção em Roraima. Estão preocupados,
lamentavelmente, em fazer luta interna no partido", acusou.
Apesar da petição contar, até o momento,
com 13 assinaturas, a ira de Genoino tem um endereço
certo: o deputado Ivan Valente. O presidente do PT lembrou
o esforço do partido em defender a vereadora de Mogi
das Cruzes, Inês Paes (PT-SP), ligada a Valente e acusada
por um adversário de receber dinheiro de um funcionário.
Segundo Genoino, durante um ano o PT investigou, apurou,
viu que não era verdade e impediu a cassação
do mandato da vereadora.
"Queria que esses parlamentares acompanhassem as investigações,
em vez de ficarem criando factóides no Salão
Verde do Congresso", atacou.
Governador admitiu deixar partido.
Paulo de Tarso Lyra,
do Jornal do Brasil.
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