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  denúncia
07/05/2004

Otan e ONU praticam abuso sexual , diz anistia

Eles têm imunidade geral e se beneficiam dela. Membros da polícia da missão da ONU em Kosovo - Unmik na sigla em inglês - e forças da Otan na mesma província sérvia - Kfor - participam da exploração sexual de mulheres sem sofrer qualquer punição, denunciou nesta quinta-feira (06/05) o diretor da seção espanhola da Anistia Internacional (AI), Estebán Beltrán.

"Enquanto os policiais e os soldados gozam de impunidade, um número difícil de calcular de mulheres e meninas, algumas com apenas 12 anos, se transforma em escravas, obrigadas a atender de dez a 15 clientes por dia", relatou Beltrán nesta quinta em uma entrevista coletiva.

Uma dessas mulheres foi obrigada a praticar sexo 2.700 vezes em um ano, muitas vezes em grupo e algumas sob a ameaça de uma pistola. Quase a metade delas sofre espancamentos ou violações por parte de seus chefes. Muitas mulheres são obrigadas a manter relações sem qualquer tipo de proteção.

Até o momento, 52 militares foram repatriados por comportamentos desse tipo, embora ninguém saiba afirmar se algum deles foi processado, informou Beltrán. "Cinco membros franceses [das forças internacionais] foram enviados para casa depois de abusar de mulheres em Mitrovica", assim como alguns russos e americanos. Mas segundo Beltrán a maioria fica impune. "O máximo que ocorre é que os autores são repatriados e no máximo demitidos", afirma o diretor da AI.

Depois da chegada a Kosovo de mais de 40 mil membros da Kfor e centenas da Unmik em julho de 1999, ao fim da guerra, observaram-se concentrações notáveis de atividade de prostituição organizada próximo aos lugares onde era maior o número de tropas estacionadas, segundo a AI. Os militares constituíam a maioria dos clientes, alguns dos quais também pareciam envolvidos no processo de tráfico. No início de 2000 a Organização Internacional para Migrações identificou publicamente a Kfor e a Unmik como fatores causais.

Em princípio, 80% da clientela das mulheres que eram objeto de tráfico eram constituídos pela comunidade internacional. A quantidade de locais nos quais essas mulheres trabalham teria aumentado de aproximadamente 75 em janeiro de 2001 para mais de 200 no final de 2003.

"Primeiro nos mandam despir e ficar só com a roupa íntima, para nos olhar bem e ver como estamos. Se você tem um bom corpo e eles gostam de você, então a compram. Para eles éramos como um pedaço de tecido, como um trapo", relata uma mulher sobre como foi comprada para depois ser prostituída em Kosovo.

Quando chegam à província sérvia administrada pela ONU, procedentes muitas vezes da Moldávia, Romênia e Ucrânia, essas mulheres esperam encontrar a promessa pela qual deixaram suas casas: trabalho em outro país. Depois, ao entrar em contato com as redes de prostituição, sofrem vexações de todo tipo e na maioria dos casos nem mesmo as denunciam "porque não encontram a devida proteção por parte das autoridades", denunciou a AI em seu relatório sobre tráfico de mulheres e meninas em Kosovo, intitulado "Isso significa que tenho direitos?"

 

YOLANDA MONGE
do EL Pais

   
 
 
 

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