Uma comissão formada por
promotores e representantes da Ordem dos Advogados do Brasil
(OAB) concluiu que houve crime de tortura na Febem de Ribeirão
Preto. O relatório das investigações,
divulgado na tarde de quinta-feira, aponta que a maior parte
dos internos das três unidades de Ribeirão foi
vítima do crime. As agressões teriam ocorrido
em pelo menos cinco oportunidades. Para a Promotoria, houve
participação direta de policiais militares e
funcionários da fundação.
De acordo com a denúncia, o grupo acusado de praticar
a tortura é conhecido como "choquinho", em
suposta referência à Tropa de Choque da Polícia
Militar. As agressões teriam ocorrido em datas e circunstâncias
diferentes, entre julho e agosto deste ano, nas três
unidades que compõem o complexo da Febem da cidade.
No dia 28 de agosto, segundo o relatório, três
diretores de unidades teriam comandado três grupos formados
por funcionários da Febem. Eles teriam invadido os
estabelecimentos armados com pedaços de pau e teriam
agredido os adolescentes. O diretor regional da Febem de Ribeirão,
Marcos Donizete, teria comandado a ação com
um rádio comunicador. Os funcionários estariam
encapuzados e teriam utilizado vans para se deslocar entre
as unidades, pois uma fica distante da outra.
Os adolescentes ainda seriam submetidos a situações
vexatórias. Teriam sido obrigados a ficar nus e a gritar
saudações aos funcionários da Febem.
Um rapaz que vomitou em função da pancadaria
teria sido obrigado a se esfregar na excreção.
Na primeira das cinco intervenções criminosas,
os promotores apontam o envolvimento da Tropa de Choque da
Polícia Militar. A PM teria feito um "corredor
polonês, agredindo com "borrachadas" as vítimas.
Por duas vezes, pelo menos, teria havido planejamento prévio.
As denúncias serão enviadas para a presidência
da Febem. Elas devem reforçar um pedido anterior de
afastamento do diretor regional e de todos os funcionários
suspeitos. Os promotores também vão enviar uma
cópia do inquérito e do relatório para
a Promotoria da Infância e da Juventude, que pode oferecer
denúncia contra os agressores.
O Ministério Público já propôs
uma ação civil pública pedindo a condenação
do governo do estado e da Febem por danos morais difusos.
Um diretor da Febem de Ribeirão, Adauto Pereira, foi
afastado no início das investigações.
Outros suspeitos assumiram cargos de direção
ou coordenação na Febem após as denúncias,
de acordo com o Ministério Público. A Promotoria
deve propor ainda uma ação civil pública
pedindo indenização para as vítimas.
A Febem informou que deve aguardar a notificação
do Ministério Público antes de se pronunciar.
O comando da PM de Ribeirão nega participação
de policiais nas agressões.
As informações são
do site GloboNews.
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