MUMBAI - Os críticos dizem
que virou uma espécie de Woodstock de esquerda. Os
defensores acham que se trata de um avanço para a Humanidade.
Depois de três versões bem sucedidas no Brasil,
o Fórum Social Mundial (FSM) abre hoje sua quarta edição,
em Mumbai, capital financeira da Índia, um pouco mais
dividido mas ainda capaz de reunir a elite dos intelectuais
de esquerda e 75 mil ativistas de cem diferentes países
e de todas as correntes dos movimentos contra a globalização
neoliberal.
Pela primeira vez, Lula não vai participar. Mandou
o ministro das Cidades, Olívio Dutra, como seu representante
e chefe da pequena delegação do governo brasileiro,
que inclui o assessor especial Marco Aurélio Garcia
e o ministro da Cultura, Gilberto Gil, que assumirá
sua porção artista e fará um show de
encerramento.
"Não acho estranho o companheiro presidente Lula
não estar no Fórum. Ele não está
por problemas de agenda mas seu governo estará",
diz Dutra, a caminho de Mumbai.
Ausência
Alguns intelectuais que ajudaram a criar o Fórum
Social, como o americano Noam Chomsky, o brasileiro Emir Sader,
o paquistanês Tarik Ali, não vieram a Índia.
Tarik Ali acha um absurdo o Fórum acontecer em Mumbai,
num estado governado por um partido islâmico e de direita.
Sader diz temer que a principal fundamentação
do FSM, de criar alternativas reais para uma nova ordem mundial,
fique perdida no agito de uma nova esquerda festiva.
O espírito de Woodstock marcará a primeira
atividade do Fórum. Logo pela manhã, cerca de
700 jovens ativistas do Japão, Filipinas, Brunei e
Cingapura, atracam o "Peaceboat" (Barco da Paz),
na doca Indira Gandhi. O barco é um fórum itinerante,
centro de debates em busca de alternativas para mostrar que
"um outro mundo possível", como propõe
o FSM.
O barco ficará ancorado apenas até amanhã,
quando partirá para uma longa viagem de volta ao mundo,
deixando uma pequena delegação que se incorporará
ao Acampamento Mundial da Juventude, a cidade montada pela
nova geração de ativistas a cada edição
do FSM.
Além de música, discursos, banners e festas,
o Fórum começa pedindo paz. O movimento dos
jovens asiáticos reivindica uma área livre de
bases nucleares no Noroeste da Ásia e o fim das bases
militares internacionais dos Estados Unidos. À tarde,
às 16h de Mumbai, será a abertura oficial do
FSM, no recém-inaugurado Goregaon Exibition Grounds,
que fica na periferia da cidade. Bandas de rock do Paquistão
e da Índia pedirão o desarmamento nuclear aos
dois países.
O FSM deve voltar ao Brasil, em sua quinta edição.
Mas em 2006, a idéia é que o encontro mundial
da esquerda aconteça na África do Sul. Segundo
Francisco Whitaker, do secretariado do FSM, a idéia
é que o fórum volte a acontecer simultaneamente
ao encontro dos capitalistas, em Davos, sendo o seu contraponto
mundial.
As informações são
do jornal O Globo.
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