BRASÍLIA. A arrecadação
de impostos, contribuições federais, royalties
e concessões fechou o primeiro ano do governo do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva em R$ 280,26 bilhões.
É como se o conjunto da sociedade tivesse pago R$ 31,9
milhões em tributos por hora ao longo do ano passado
ou o equivalente a R$ 533.222 por minuto. Esta foi a segunda
maior arrecadação da História, se forem
consideradas as receitas atípicas. Sem elas, este teria
sido o melhor resultado já obtido pela União.
O desempenho de 2003 perde para a arrecadação
total de 2002 em R$ 5,3 bilhões (1,85%) e corresponde
à terceira queda no valor recolhido com tributos, royalties
e concessões de um ano para outro desde o início
do Plano Real. A última foi em 1996. A diminuição
em relação ao ano retrasado aconteceu principalmente
porque em 2002 a União contou com receitas extraordinárias
de R$ 18,48 bilhões, contra R$ 7,8 bilhões de
2003. Mais da metade da arrecadação extra de
2002 veio do pagamento de tributos atrasados dos fundos de
pensão.
"Havia um compromisso do governo de não haver
aumento de carga tributária de 2002 para 2003. O nosso
limite é a carga de 2002 e esse limite estamos cumprindo.
Os dados da arrecadação mostram que a carga
tributária de 2003 é menor que a de 2002",
disse o secretário da Receita Federal, Jorge Rachid.
Para o secretário-adjunto Ricardo Pinheiro, embora
ainda tenha ficado menor do que a de 2002, a arrecadação
do ano passado foi muito positiva.
"Conseguimos um resultado a duras penas com muito sacrifício
e que foi muito positivo, ainda mais em comparação
com 2002".
Contribuíram para o desempenho de 2003 as receitas
extras obtidas com o pagamento de tributos de duas estatais
no valor de R$ 2,22 bilhões e o recolhimento de tributos
atrasados por meio do Parcelamento Especial, conhecido por
Refis II, no valor de R$ 1,36 bilhão.
Embora o governo tenha garantido que não haveria aumento
de carga tributária, no ano passado os efeitos das
mudanças na legislação provocaram uma
elevação de R$ 1,8 bilhão na arrecadação
total. Estão incluídos neste valor o aumento
de 3% para 4% da Cofins do setor financeiro, o aumento da
base de cálculo da CSLL sobre prestadores de serviço
de 12% para 32% e a mudança do cálculo do PIS.
Fundos de investimento aumentam arrecadação
Apesar de reconhecer o aumento de carga para estes
setores específicos, Pinheiro garante que as mudanças
foram feitas para corrigir distorções antigas
da legislação. Segundo ele, a alteração
no PIS, por exemplo, era uma demanda antiga da indústria
brasileira que reivindicava o mesmo tratamento tributário
a produtos nacionais e estrangeiros. Antes, os importados
não pagavam PIS. Já a mudança para os
prestadores, segundo o secretário, diminui a diferença
de imposto que pagam os assalariados (com o desconto do IR
em folha) e aquelas pessoas físicas que recolhem seus
tributos como prestadores.
"Ainda há espaço para novo aumento na
base dos prestadores", disse Pinheiro, ressalvando que
não existem estudos sobre o assunto no momento.
A recuperação dos fundos de investimento financeiro
(FIFs) com a volta dos aplicadores também contribuiu
para o aumento da arrecadação em 2003. Depois
de amargar a perda de patrimônio de quase R$ 70 bilhões
no segundo semestre de 2002, durante a turbulência econômica,
e pouco após a mudança de cálculo nos
valores das cotas dos fundos, a indústria dos FIFs
voltou a atrair clientes. Em 2003, o Imposto de Renda recolhido
dessas aplicações foi de R$ 8,9 bilhões,
bem mais do que os R$ 2,3 bilhões arrecadados em 2002.
As informações são
do jornal O Globo.
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