O grupo
interministerial que discutiu uma nova regulamentação
para o álcool decidiu, na última hora, estabelecer
um limite para a propaganda de bebidas: a idéia é
que anúncios só possam ser veiculados após
as 23h.
O projeto foi entregue no último dia 13 ao ministro
da Saúde, Humberto Costa.
Em abril o coordenador de Saúde Mental do ministério,
Pedro Gabriel Delgado, havia afirmado que a proposta seguiria
ao ministro sem definição de horários
--decisão que ficaria para o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva.
Hoje somente bebidas de alto teor alcoólico, como
a cachaça, têm a propaganda proibida em rádio
e televisão, das 6h às 21h.
Segundo Delgado, no projeto do ministério não
serão permitidas nem chamadas de patrocínio
--rápidos anúncios durante a programação--,
algo que o governo também chegou a cogitar durante
as discussões, de que participaram também representantes
da indústria de bebidas. Após avalizado por
Costa e Lula, a proposta irá para o Congresso.
Delgado desconhecia, ainda, o texto do manifesto pelo banimento
da propaganda divulgado ontem (ver texto ao lado). Os signatários
do documento afirmam que o governo é omisso na definição
de políticas contra o álcool.
"O movimento é legítimo, mas a posição
do ministério é do controle, não do banimento.
E todas as medidas necessárias têm sido implantadas",
respondeu.
A nova proposta do grupo interministerial foi apresentada
quatro dias após publicação da reportagem
do "New York Times", contestada pelo governo, sobre
a suposta preocupação dos brasileiros com o
hábito de beber do presidente. "Acho que não
tem relação", disse Delgado ao ser questionado
se haveria ligação da mudança com a reportagem
polêmica.
Manifesto
Mais de cem entidades deram início ontem em
São Paulo a um movimento pelo banimento da propaganda
do álcool nos meios de comunicação, em
eventos esportivos, culturais e sociais.
O manifesto é liderado pelo Cremesp (Conselho Regional
de Medicina do Estado de São Paulo) e pela Abead (Associação
Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas).
O objetivo é reunir 1 milhão de assinaturas
e enviar projeto ao Congresso, diz Clóvis Constantino,
presidente do Cremesp.
As informações são
da Folha de S.Paulo.
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