Apesar
das turbulências das últimas semanas, o consumidor
voltou a ficar mais otimista com a economia. É o que
mostra o Índice de Confiança do Consumidor da
Fecomercio-SP (Federação do Comércio
do Estado de São Paulo) deste mês. O índice
teve alta de 18% e chegou a 124,44 pontos em uma escala que
vai de zero (pessimismo total) a 200 (otimismo total), um
resultado próximo do recorde de 127,29 pontos de janeiro
deste ano.
Em abril, o índice estava em 105,20 pontos, o mais
baixo desde março de 2003. O indicador é calculado
pela Fecomercio e pela FGV (Fundação Getúlio
Vargas) a partir de entrevistas com 900 consumidores em São
Paulo.
A pesquisa para o cálculo do índice deste mês
foi feita antes do episódio da expulsão (depois
cancelada) do jornalista do "New York Times" no
Brasil.
Para o presidente da Fecomercio, Abram Szajman, esse expressivo
crescimento na confiança da população
reflete os indicadores positivos registrados em abril, como
a retomada da produção industrial, o crescimento
recente das vendas no varejo, a recuperação
do emprego e a inflação anualizada abaixo da
meta para 2004. "Apesar de tudo, a população
está mais confiante no governo."
No primeiro trimestre de 2004, as vendas no varejo cresceram
4,5%, com destaque para vestuário, calçados
e eletrodomésticos. Em abril, apesar de os números
ainda não estarem fechados, Szajman disse que as vendas
caíram um pouco, de 3% a 4%, em relação
a março, mas subiram cerca de 1% em comparação
com o mesmo mês do ano passado. Agora, neste mês,
as indicações são de nova alta.
Para Szajman, o ano deverá terminar com alta de 3%
a 4% nas vendas do comércio.
O resultado irá depender, no entanto, de o Banco Central
continuar ou não o processo de redução
gradual dos juros básicos (taxa Selic).
De acordo com o presidente da Fecomercio, se não houver
nova redução da Selic na reunião da Copom
de hoje e amanhã, as vendas deverão crescer
no máximo 3% neste ano.
Vendas à vista melhoram
As vendas à vista se recuperaram na primeira
quinzena deste mês na comparação com igual
período do ano passado. O ritmo de crescimento das
vendas a prazo se manteve, e a inadimplência subiu no
período, segundo a Associação Comercial
de São Paulo (ACSP).
Do dia 1º ao dia 15 deste mês, as consultas ao
Usecheque, indicador das vendas à vista, subiram 3,7%
em relação a igual período do ano passado.
De janeiro a abril, o crescimento foi de 0,5%. "O frio
dos últimos dias impulsionou as vendas à vista
e com cheques pré-datados", explica Emílio
Alfieri, economista da associação.
As vendas financiadas mantiveram o ritmo de crescimento. As
consultas ao SPC (Serviço de Proteção
ao Crédito) subiram 7,9% na primeira quinzena deste
mês em relação a igual período
do ano passado. De janeiro a abril, o crescimento foi de 7,8%
sobre 2003.
O consumidor está comprando mais a prazo, mas continua
não dando conta de pagar as dívidas. O número
de carnês em atraso subiu 7,3% do dia 1º ao dia
15 deste mês sobre igual período do ano passado
-de 142,93 mil para 153,30 mil. De janeiro a abril, o crescimento
foi de 4,2% sobre o mesmo período de 2003.
GUILHERME BARROS
da Folha de S.Paulo
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