Cerca de 1.200 jovens e adultos que terminaram o programa Brasil Alfabetizado
vão passar, a partir deste mês, por um tipo de
"Provão" para avaliar a qualidade do curso
oferecido por organizações não-governamentais
e secretarias de educação.
São 3,255 milhões de estudantes em processo
de alfabetização, segundo o Ministério
da Educação. Cerca de 500 mil já terminaram
o curso, que dura de seis a oito meses. O restante deve finalizar
em abril. O Brasil Alfabetizado, um dos principais projetos
do ministério, pretende atender 20 milhões de
analfabetos até 2006. Para este ano a meta é
atingir 6 milhões de alunos.
A avaliação consistirá em uma prova,
oral e escrita, para analisar se o formando é capaz
de ler e escrever um texto simples. A escolha dos estudantes
avaliados foi feita a partir de uma metodologia desenvolvida
para o programa.
Cabe ao governo federal pagar R$ 15 mensais por aluno e R$
80 por alfabetizador capacitado pela instituição.
No ano passado, o MEC investiu R$ 175,7 milhões. A
previsão para este ano é de um investimento
de R$ 189 milhões. Atualmente são 106 mil alfabetizadores
trabalhando em cerca de 1.800 municípios.
A avaliação do programa inclui ainda um questionário
a ser respondido pelo alfabetizador e outro pela entidade
conveniada com o MEC. "Pretendemos analisar também
o nível de conhecimento quando o aluno entrou no programa",
diz a consultora Vera Masagão, da ONG Ação
Educativa e responsável pela avaliação.No
final do curso, os alunos deverão escrever um texto
a ser enviado ao ministério.
Segundo o secretário de Erradicação
do Analfabetismo, João Luiz Homem de Carvalho, serão
selecionados textos para checagem. Técnicos vão
comparar a redação ao histórico do aluno.
O ministério incluiu ainda exigência de um cadastro
de todos os estudantes e o registro do alfabetizador. As exigências
renderam contestações de que o programa aumentou
a burocracia.
Dados sobre analfabetismo também renderam divergências
entre petistas e tucanos. No final do ano passado, o IBGE
divulgou que 24 milhões de brasileiros com cinco anos
ou mais são analfabetos. No entanto, para comparações
internacionais, o corte mais usado é o de analfabetos
adultos (15 anos ou mais) -o que reduziria o número
para 15,5 milhões.
LUCIANA CONSTANTINO
da Folha de S. Paulo, sucursal de Brasília
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