BRASÍLIA
- A primeira universidade federal a ser criada no governo
do PT será justamente na região onde o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva iniciou sua carreira sindical
e política. Depois de analisar sete regiões
prioritárias, o Ministério da Educação
decidiu-se pela criação da Universidade do ABC
(UniABC), que deve começar a funcionar no ano que vem.
Lula anunciou ontem a prefeitos da região a criação
da universidade, durante reunião no Palácio
do Planalto. Segundo o ministro da Educação,
Tarso Genro, a nova universidade atende aos critérios
que o MEC está adotando para selecionar onde deve abrir
novos cursos.
" É uma área com alto índice de
desemprego, que necessita urgentemente de uma reciclagem tecnológica
e onde não há nenhuma universidade pública,
apenas privadas", disse Tarso, lembrando que o pedido
de criação desta universidade tem mais de 40
anos.
Cinco universidades
O estado de São Paulo tem outras duas universidades
federais, a de São Carlos (UFSCar) e a de São
Paulo (Unifesp). Alguns dos estados que reivindicam uma nova
instituição federal, como a Bahia, têm
apenas uma. Tarso explicou que o ministério está
estudando diversas demandas e deve beneficiar outras seis
áreas prioritárias, cinco delas no Norte —
a região menos servida por universidades federais —
e uma em Mato Grosso.
A nova federal deverá começar com três
centros: tecnologia e indústria; educação
e ciências sociais. A previsão é de que
sejam criadas 20 mil vagas na graduação, 2,5
mil de mestrado e mil em doutorado. Serão necessários
250 professores-doutores, 500 professores assistentes e mil
monitores bolsistas. Não foram divulgados os custos
com a criação da nova instituição.
Na nota técnica que embasa a decisão, o Ministério
da Educação afirma que a criação
de uma universidade pública na maior região
metropolitana do país é "uma clara demonstração
de compromisso com o desenvolvimento, a cultura e a democratização
do acesso ao ensino superior".
Flexibilidade de ensino
A universidade será a primeira federal com
modalidade de ensino semipresencial — ou seja, com menos
horas de aula na própria universidade e um regime mais
flexível de ensino. O próprio currículo
deverá ser mais flexível, com um ciclo básico
e mais alternativas de formação profissional.
De acordo com a nota, a UniABC será ainda a primeira
federal a ter autonomia administrativa e de patrimônio,
além da financeira. O ministério quer também
que ainstituição tenha laboratórios integrados
às indústrias da região, com convênios
para programas de pesquisa.
A UniABC ainda terá, de acordo com a nota técnica
do Ministério da Educação, uma associação
direta com o ensino básico. A intenção
do MEC é dar formação inicial aos trabalhadores
da indústria e a jovens da região, além
de desenvolver novas tecnologias de ensino. Outra área
em que a universidade deverá trabalhar é a de
formação de pessoal para a gestão de
políticas públicas.
LISANDRA PARAGUASSÚ
do jornal O Globo
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