Em discurso
de 30 minutos quase sem improvisos na abertura do XVI Fórum
Nacional do Instituto Nacional de Altos Estudos (Inae), no
BNDES, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse
que o objetivo de seu governo é promover “um
novo ciclo histórico de crescimento sustentado”.
O presidente afirmou, porém, que não serão
inventadas fórmulas para chegar a esse ritmo de expansão.
"Trata-se de um caminho que deve ser construído
dia a dia. Caminho que é incompatível com planos
supostamente milagrosos, com pacotes aparentemente mágicos.
Em uma palavra: com atalhos inexistentes para o progresso
e a justiça", afirmou Lula.
O presidente voltou a criticar o governo passado, mas defendeu
idéias muito semelhantes às pregadas pelo então
ministro da Fazenda de Fernando Henrique Cardoso, Pedro Malan,
exatamente há cinco anos, no XI Fórum Nacional.
Lula disse que não há incompatibilidade entre
controle econômico e desenvolvimento e defendeu a parceria
de investimentos públicos e privados e o papel do Estado
como regulador da economia, ao tratar do tema do fórum
deste ano — “Economia do conhecimento, crescimento
sustentado e inclusão social”. As mesmas idéias
foram defendidas por Malan em sua palestra no dia 17 de maio
de 1999, sobre “Crise Mundial e Agenda do Crescimento”.
BNDES
O presidente atacou a política econômica
do governo Fernando Henrique, ao afirmar que a principal tarefa
de seu governo, no ano passado, foi superar a crise, recuperar
a estabilidade e reduzir a vulnerabilidade:
"Foi o primeiro e imprescindível passo no sentido
de virar a página de quase uma década de estagnação."
Ao defender a reforma tributária aprovada no ano passado
e dizer que ela não pode reduzir de imediato a carga
de impostos, ele novamente criticou o antecessor:
"Há os que se recusam a reconhecer os inegáveis
avanços da reforma tributária porque ela não
reduziu de imediato os impostos, e nem poderia fazê-lo,
sob pena de grave irresponsabilidade, dados os desequilíbrios
acumulados ao longo de muitos anos nas contas públicas
e que levaram o país a contrair uma elevada dívida.
Apesar das notórias dificuldades orçamentárias
que herdei, não houve nem haverá aumento de
carga tributária no meu governo."
Ao comentar os investimentos em infra-estrutura previstos
em seu governo, Lula defendeu o BNDES e disse que às
vezes a falta de bons projetos impede a liberação
de financiamentos:
"Muitas vezes, nós ficamos chorando muito, e
o BNDES pode ser prova disso, de que nem sempre por trás
da choradeira tem um bom projeto para receber os investimentos
necessários para que uma indústria ou algo novo
possa acontecer no nosso país."
Lula criticou o processo de retirada do Estado brasileiro
da economia nos anos 90:
"Talvez tenha sido este um dos campos mais traumáticos
das ilusões vividas no anos 90, de que bastava o Estado
afastar-se, vendendo os ativos em seu poder, para que os mercados
suprissem, de forma perfeita, esse bem vital. Muito mais do
que imperfeições, o que houve foram experiências
fracassadas e escândalos internacionais", afirmou,
antes de criticar também a política industrial
na década passada.
As informações são
do jornal O Globo.
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